Há
poemas de tanta santidade
Que
eu nunca escreverei para você;
Há
versos tão profundos de saudade,
Tão
cheios de aflição e ansiedade,
Que
eu nunca escreverei!... Sabe por quê?
Porque
são como gemas que o avarento
De
todas as belezas do Universo
Oculta
num estranho encantamento
E
ama no seu vão deslumbramento,
Como
a emoção cristalizada em verso.
São
como a fonte que ao soltar as águas,
Alimentando
as glebas e os trigais,
Não
conta no caminho as suas mágoas
Que
vão rolando tristes entre fráguas,
Escondendo
seus próprios madrigais.
Livro:
Rimas antigas, Sonetos e Poemas – Editora Líder pág.
205
Autor:
Nunes Bittencourt
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