quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A VIDA


Trama de mágoa e riso e síntese dorida
De algo que não se sabe certo de onde vem,
É a vida, afinal. E o afinal é a vida
Que entre o túmulo e o berço apenas se detém?

Quem sabe o que tu és? Mortal algum, ninguém
Além dos teus umbrais sondou-te, incompreendida.
Vens da sombra ou da luz? /dos paramos do além?
De onde, afinal, tu vens, fatal desconhecida?

Em vão me prendo à teia, à sedução profunda
De saber de onde vens, também por que te vais.
No mistério imortal que em tudo te circunda,

Quando sobre ti mesma às vezes me debruço,
Sinto que apenas és a Vida, e nada mais,
Que nasce num vagido e morre num soluço.

Livro: Rimas antigas, Sonetos e Poemas – Editora Líder pág. 23
Autor: Nunes Bittencourt


                                           

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