quarta-feira, 19 de setembro de 2012

JESUS AMIGO DA MULHER



Grande parte dos pobres que cercavam Jesus eram mulheres, privadas do apoio de um varão, elas eram sem dúvida as mais vulneráveis. Por outro lado, ser mulher naquela sociedade patriarcal significava estar destinada a viver num estado de inferioridade e submissão aos varões. É isso o que quer esse Deus compassivo do qual Jesus fala? Não poderão elas conhecer uma vida mais digna no reino de Deus? Como Jesus as vê e as sente?
A primeira coisa que surpreende é vê-lo cercado de tantas mulheres: amigas íntimas como Maria, oriunda de Mágdala; as irmãs Marta e Maria, vizinhas de Betânia, que ele tanto amava; mulheres enfermas como hemorroíssa ou pagãs como a sírio-fenícia; prostitutas desprezadas por todos ou seguidoras fiéis, como Salomé e outra muitas que o acompanharam até Jerusalém e não o abandonaram nem mesmo no momento da execução. De nenhum profeta de Israel se diz algo parecido. O que encontravam estas mulheres em Jesus? O que as atraía tanto? Como se atreveram a aproximar-se dele para ouvir sua mensagem? Porque se aventuraram algumas a abandonar o próprio lar e subir ele a Jerusalém, provocando certamente o escândalo de alguns?
Jesus nasceu numa sociedade em cuja consciência coletiva estavam  gravados alguns estereótipos sobre a mulher, transmitidos durante séculos. Enquanto crescia, Jesus pôde ir  percebendo-os em sua própria família, entre seus amigos e na convivência diária.
De acordo com um antigo relato, Deus havia criado a mulher só para proporcionar uma ‘ajuda adequada” ao varão. Era esse o destino dela. No entanto, longe de ser uma ajuda, foi ela precisamente quem lhe deu para comer o fruto proibido, provocando a expulsão de ambos do paraíso? Esse relato, transmitido de geração em geração, foi desenvolvendo no povo judeu uma visão negativa da mulher como fonte sempre perigosa de tentação e de pecado. A atitude mais sábia era aproximar-se dela com muita cautela e mantê-la sempre submetida. Foi o que se ensinou a Jesus desde criança.

Livro: Jesus, Aproximação Histórica – pág. 255-256
Autor: José Antônio Pagola



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