Curador da Vida
- · Sinais de um mundo novo
Jesus não se
limitou a aliviar o sofrimento dos enfermos e endemoniados, mas deu à sua
atividade curadora uma interpretação transcendente: vê em tudo isso sinais de
um mundo novo. Diante do pessimismo catastrófico que impera nos setores
apocalípticos, para os quais tudo está infestado pelo mal, Jesus anuncia algo
sem precedentes: Deus está aqui. A cura dos enfermos e a libertação dos endemoninhados
são sai reação contra a miséria humana: anunciam já a vitória final de sua
misericórdia, libertando o mundo de um destino marcado fatalmente pelo
sofrimento e a desgraça.
Jesus não
realiza suas curas para provar sua autoridade divina ou a veracidade de sua
mensagem. De fato, quando se pede a Jesus uma prova espetacular que dispense,
por assim dizer, do risco de ter que adotar uma decisão, Jesus se nega a
fornecê-la. Não oferece espetáculo. Suas curas, mais que uma prova do poder de
Deus, são um sinal de sua misericórdia, como Jesus a entende. Na realidade,
para os galileus, os milagres não provavam nada de maneira inapelável, embora
convidassem a ver no taumaturgo alguma relação estreita com Deus. Os mestres da
lei, sobretudo, eram bastante céticos diante de feitos prodigiosos. Na opinião
deles, um “milagre” não prova nada se o taumaturgo não se move no marco da lei.
Daí o escândalo provocado por Jesus ao curar inclusive em dia de sábado,
desafiando as tradições mais ortodoxas. De fato, Jesus não consegue uma adesão
generalizada. Uns confiam nele, outros não. Alguns o seguem, outros o rejeitam.
Livro: Jesus
Aproximação Histórica pág. 212
Autor: José
Antônio Pagola
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