terça-feira, 18 de setembro de 2012


Curador da Vida


  • ·       Sinais de um mundo novo

Jesus não se limitou a aliviar o sofrimento dos enfermos e endemoniados, mas deu à sua atividade curadora uma interpretação transcendente: vê em tudo isso sinais de um mundo novo. Diante do pessimismo catastrófico que impera nos setores apocalípticos, para os quais tudo está infestado pelo mal, Jesus anuncia algo sem precedentes: Deus está aqui. A cura dos enfermos e a libertação dos endemoninhados são sai reação contra a miséria humana: anunciam já a vitória final de sua misericórdia, libertando o mundo de um destino marcado fatalmente pelo sofrimento e a desgraça.
Jesus não realiza suas curas para provar sua autoridade divina ou a veracidade de sua mensagem. De fato, quando se pede a Jesus uma prova espetacular que dispense, por assim dizer, do risco de ter que adotar uma decisão, Jesus se nega a fornecê-la. Não oferece espetáculo. Suas curas, mais que uma prova do poder de Deus, são um sinal de sua misericórdia, como Jesus a entende. Na realidade, para os galileus, os milagres não provavam nada de maneira inapelável, embora convidassem a ver no taumaturgo alguma relação estreita com Deus. Os mestres da lei, sobretudo, eram bastante céticos diante de feitos prodigiosos. Na opinião deles, um “milagre” não prova nada se o taumaturgo não se move no marco da lei. Daí o escândalo provocado por Jesus ao curar inclusive em dia de sábado, desafiando as tradições mais ortodoxas. De fato, Jesus não consegue uma adesão generalizada. Uns confiam nele, outros não. Alguns o seguem, outros o rejeitam.

Livro: Jesus Aproximação Histórica  pág. 212
Autor: José Antônio Pagola

Nenhum comentário:

Postar um comentário