sexta-feira, 21 de setembro de 2012

AS NÚPCIAS E A VIDA SOCIAL E FAMILIAR



Antigamente as pessoas buscavam o sentido da vida a partir das duas grandes instituições: a religião e a família. Agora, no entanto, estamos vivendo uma mudança pela qual a relação institucional está sendo substituída pela relação pessoal. O que dá sentido à vida das pessoas não é a instituição a que cada qual está vinculada, mas as pessoas com as quais se relaciona. Assim sendo, para buscar um sentido para a vida, o fator determinante é cada dia menos a relação institucional (religiosa, familiar...) e é cada dia mais a relação baseada na “comunicação emocional” em que as recompensas derivadas dela são a base primordial para que tal comunicação se mantenha. Ao afirmar isso, estamos falando do que, com razão, foi denominado “relação pura”, que se baseia na comunicação, de tal forma que entender o ponto de vista da outra pessoa é o essencial. Por isso, o casamento está em crise e ter um parceiro está no auge. Porque o casamento se baseia na relação institucional, enquanto ter um parceiro tem sua razão de ser na relação pessoal, vale dizer, na comunicação emocional, ou, com outras palavras, na relação pura. E, por isso mesmo, também a religião está em crise. A pertença à religião foi vivida, pelo menos até agora, como pertença a uma instituição, coisa que hoje muitas pessoas não aceitam e preferem viver suas crenças religiosas “como livres” à margem de toda instituição.
Pois bem, isso tudo é o que hoje desconcerta a todos nós. E é o mesmo que desconcertou a sociedade da Galileia e da Judéia no tempo de Jesus. O fato desconcertante está em que Jesus foi muito crítico precisamente com as duas mesmas instituições que hoje estão em crise. Jesus foi crítico com a religião. E teve, por isso, muitos conflitos com os dirigentes religiosos, a ponto de, como bem sabemos, a religião acabar com Jesus e terminar condenando-o à morte da pior maneira. É igualmente certo que Jesus adotou uma atitude sumamente crítica com o modelo de família que configurava o tecido social daquele tempo. Refiro-me à família “patriarcal”.

Livro: A ética de Cristo   pág. 09-10
Autor: José M. Castillo

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