O que devo concretizar é que seja eu o Filho mais jovem ou o mais velho, sou o
filho de meu Pai compassivo. Sou um herdeiro. Ninguém coloca isso mais
claramente do que Paulo quando escreve: “próprio Espírito se une ao nosso
espírito para testemunhar que somos filhos de Deus... e co-herdeiros de Cristo,
pois sofremos com ele para também com ele sermos glorificados”. Realmente, como
filho e herdeiro devo me tornar a outros a mesma compaixão que ele
teve por mim. A volta ao Pai é afinal de contas o desafio para me tornar o
Pai.
Esse chamado para me tornar o Pai exclui qualquer interpretação
“indulgente” da história. Sei o quanto eu quero voltar e me sentir seguro, mas
realmente desejo ser filho e herdeiro com tudo o que isso acarreta? Estar na
casa do Pai exige que eu faça da vida do Pai a minha própria e me transforme em
sua imagem.
Recentemente, olhando num espelho, fiquei impressionado vendo como eu me
pareço com meu pai. Olhando para as minhas feições, vi de repente o homem que eu
tinha visto quando tinha vinte e sete anos de idade: o homem que eu admirara e
criticara também, que eu tinha amado e temido. Muito da minha energia tinha sido
gasta em encontrar eu mesmo no rosto dessa pessoa, e muitas das minhas perguntas
sobre quem eu era e quem eu deveria vir a ser haviam sido formuladas por ser
filho desse homem. De repente, quando vi esse homem aparecendo no espelho,
fiquei surpreendido com a noção de que todas as diferenças que eu notara durante
toda a vida pareciam pequenas se comparadas com as semelhanças. Como num choque,
entendi que eu era realmente herdeiro, sucessor, aquele que é admirado, temido,
louvado e Mac compreendido pelos outros, como meu pai foi para mim.
Livro: A volta do Filho
Pródigo pág.
134-135
Autor: Henri J. M.
Nouwen
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