Há trinta
ou quarenta anos, um jovem ou uma jovem que sentisse impulsos de generosidade
encerrava-se em um convento, ingressava em um seminário ou ia para as missões.
Hoje, os jovens que tem inquietudes desse tipo dirigem-se a uma ONG, ou partem
como voluntários para países de Terceiro Mundo, ou se põem a restaurar as
moradias inabitáveis das pessoas mais desamparadas, que abundam em nossas
grandes cidades. Vai-se extinguindo a velha preocupação pela pureza e pela
piedade de outrora, ao mesmo tempo em que se potencializa uma nova
sensibilidade. Nem mais, nem menos que a mesma sensibilidade que teve, segundo
os evangelhos, Jesus, o Nazareno. A sensibilidade pelas vítimas deste mundo.
Verdade é
que, infelizmente, muitas vezes se faz mal uso de tal sensibilidade. Estamos
presenciando isso diariamente. “Embora haja vítimas em geral, as mais
interessantes são sempre as que nos permitem condenar nossos vizinhos, os quais,
por sua vez, agem do mesmo modo conosco e se recordam, principalmente, daquelas
vítimas pelas quais utilizamos até o sofrimento das vítimas
para tirar vantagem daqueles que consideramos adversários. O doloroso
espetáculo dado por alguns políticos nesse sentido é algo que dá vergonha e até
difícil de suportar.
Livro:
A Ética de Cristo
pág. 105-106
Autor:
José M. Castilho
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