Sonhei esta existência de venturas,
Sonhei que o mundo era só d’amor,
Não pensei que havia amarguras
E que no coração habita a dor.
Sonhei que m’afagavam s ternuras
de leda vida e que jamais pallôr
marcou na face humana as desventuras
que a lei de Deus impoz com rigor.
Sonhei tudo azul e cor de rosa
E a sorte ostentando-se furiosa
Rasgou o sonho formoso que tive;
Sonhando sempre eu não tinha sonhado
Que n’esta vida sonha-se acordado,
Que n’este mundo a sonhar se vive!
Autor: Fernando Pessoa
Livro: Poesias ocultistas pg. 45
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