quarta-feira, 19 de setembro de 2012

PARA CONSTRUIR A VIDA



Tempo este em que 800 milhões de pessoas passam fome
e há no Zaire lágrimas no rosto de um milhão de refugiados.
Desesperada sem pátria e sem destino
a mão africana suplica por um prato de comida que não chega.
Tempo este em que a bota neoliberal pisa no mundo
e há uma cerca invisível dividindo a terra.
Programada a morte bate à porta na América Latina.
Exclusão é a palavra!
Tempo este de  balas perdidas ferindo a inocência dos corpos no  abraço
Eldorado dos Carajás, Vigário Geral, Anapu e Boa Vista
o sangue derramado dói na consciência e clama!
Tempo este em  que os olhos de um menino abandonado e preso
denunciam  a crueldade humana e incomodam.
Que perguntas ele faz com sua mirada?
Mas teimosa é a vida e Deus é a vida!
Frágil
Ele vem ao nosso encontro
e assume esta história feita de pranto e de sonho.
Com os olhos no horizonte
realistas, exigimos o impossível!
Na esperança caminhamos
Utopia
Isaías anunciou uma era de paz e de ternura
a vida explodindo pura no manancial da alegria.
Das lanças nasceriam enxadas
e arados das espadas.
Agora, porém,
é o momento de fabricar espadas
com as lâminas de arado que ainda restam
e desatar a vida
no útero do povo que renasce! 

Autor: Paulo Gabriel


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