Na
Casa das Palavras, sonhou Helena Villagra, chegavam os
poetas.
As
palavras, guardadas em velhos frascos de
cristal,
esperavam
pelos poetas e se ofereciam,
loucas
de vontade de ser escolhidas:
Elas
rogavam aos poetas...
Que
as olhassem... as cheirassem... as tocassem... as
provassem!
Os
poetas abriam os
frascos,
provavam
palavras com o dedo e então...
lambiam
os lábios ou fechavam a cara.
Os
poetas andavam em busca de palavras que não
conheciam,
e
também buscavam palavras que conheciam e tinham
perdido.
Na
casa das palavras havia uma mesa das cores.
Em
grandes travessas as cores eram oferecidas,
E
cada poeta se servia da cor que estava
precisando:
amarelo-limão
ou amarelo-sol,
azul
do mar ou de fumaça,
vermelho-lacre,
vermelho-sangue, vermelho-vinho...
(Eduardo
Galeano)
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