quarta-feira, 5 de setembro de 2012

QUANDO AS SOMBRAS SE ESTENDEM



Uma pneumologia não poderá ser essencialista, abstrata, neutra ou a-histórica, mas estará afetada pelo clamor do Espírito, que, com seus gemidos, clama por justiça, libertação de toda escravidão, e intercede ao Pai por nós, a partir de um mundo que padece dores de parto (Rm 8,15.22-23.26). Será necessariamente, portanto, uma pneumatologia profética, do Espírito que “falou pelos profetas”.
Com efeito, como escreveu o teólogo Joseph Ratzinger: “Aquilo de que a Igreja de hoje e de todos os tempos precisa não é de panegiristas do que existe, mas de pessoas que amem a Igreja mais do que a comodidade e a intangibilidade de seu próprio destino.”
Por outro lado, tentar esboçar uma Pneumatologia, hoje, está de acordo com o que o próprio Magistério da Igreja postula para este tempo. João Paulo II, em sua encíclica Dominum ET Vivificantem, sobre o Espírito Santo na vida da Igreja e do mundo (1986), cita um lúcido e profético texto de Paulo VI: “Á Cristologia, e especialmente, à eclesiologia do concílio Vaticano II, deve-se seguir um estudo novo e um culto novo do Espírito Santo, justamente como complemento necessário da doutrina conciliar.”
Talvez, se estes desejos de Paulo VI se tivessem realizado, a Igreja caminharia hoje por outros rumos mais esperançosos. Quem sabe ainda estamos em tempo e, recuperando a dimensão do Espírito, possamos vislumbrar, de longe, como o profeta, um ramo de amendoeira em meio à noite do inverno, anunciando a primavera futura (Jr 1, 11-12)...

Livro: Não extingais o Espírito pág. 7-8
Autor: Victor Codina


Nenhum comentário:

Postar um comentário