Uma
pneumologia não poderá ser essencialista, abstrata, neutra ou a-histórica, mas estará afetada pelo clamor do Espírito,
que, com seus gemidos, clama por justiça, libertação de toda escravidão, e
intercede ao Pai por nós, a partir de um mundo que padece dores de parto (Rm
8,15.22-23.26). Será necessariamente, portanto, uma
pneumatologia profética, do Espírito que “falou pelos
profetas”.
Com
efeito, como escreveu o teólogo Joseph Ratzinger:
“Aquilo de que a Igreja de hoje e de todos os tempos precisa não é de
panegiristas do que existe, mas de pessoas que amem a Igreja mais do que a
comodidade e a intangibilidade de seu próprio
destino.”
Por
outro lado, tentar esboçar uma Pneumatologia, hoje, está de acordo com o que o
próprio Magistério da Igreja postula para este tempo. João Paulo II, em sua
encíclica Dominum ET Vivificantem, sobre o Espírito Santo na vida da Igreja e do
mundo (1986), cita um lúcido e profético texto de Paulo
VI: “Á Cristologia, e especialmente, à eclesiologia do concílio Vaticano
II, deve-se seguir um estudo novo e um culto novo do Espírito Santo, justamente
como complemento necessário da doutrina
conciliar.”
Talvez,
se estes desejos de Paulo VI se tivessem realizado, a
Igreja caminharia hoje por outros rumos mais esperançosos. Quem sabe ainda
estamos em tempo e, recuperando a dimensão do Espírito,
possamos vislumbrar, de longe, como o profeta, um ramo de amendoeira em meio à
noite do inverno, anunciando a primavera futura (Jr 1,
11-12)...
Livro: Não extingais o
Espírito pág. 7-8
Autor: Victor Codina
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