domingo, 2 de setembro de 2012

TRISTEZA- CÉLIA MARIA JACARANDÁ



Eu quis um dia, acredito,
Em minha tela retratar
Um rosto bem divertido
De um palhaço singular.

Comecei a trabalhar,
E seus traços engraçados
Fui compondo sem saber,
Sem parar de pintar.

Em cada pincelada,
Em cada traço a fazer,
Em cada inspiração,
Sentia real prazer.

Fiz a sua sobrancelha,
Toda ela inclinada.
Na testa fiz uma ruga,
Forte e acentuada.

Seus olhos anuviados
Não brilhariam jamais!
E dois sulcos cravados,
Nos contornos labiais.

Cinza foi a cor
Amarga de sua pele.
E uma lágrima na face
Brilhava... Era de dor.

Quando dei pela mudança
Do palhaço singular,
Era tanta semelhança,
Parei para pensar...

Oh! Nele sou eu!
Então exclamei.
Na tristeza estampada
Do rosto que pintei.

E o pobre palhaço triste
Não fez ninguém sorrir.
Limpei minha lágrima,
Que para ele transferi.
                                              

           Autora: Célia Maria Jacarandá    
                                  

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