domingo, 2 de setembro de 2012

BOATO QUE VIROU GUERRA



Os ataques mais agudos contra Canudos começaram graças a um boato. Saiu a conversa de que Antônio Conselheiro tinha encomendado madeira na cidade de Juazeiro. Recebemos a notícia de que o carregamento não seria entregue, ele teria prometido pegar as madeiras à força. Esse boato fez com que as autoridades de Juazeiro pedissem ajuda ao governo da Bahia. Assim, em novembro de 1896 é enviada a primeira expedição a Belo monte. A força contava com 100 homens e a batalha ocorreu em Uauá. A expedição foi derrotada. Essa vitória dos sertanejos causou frio na espinha das autoridades, que não tardaram a preparar outra investida. Em janeiro de 1897, a segunda expedição, chefiada pelo major Febrônio de Brito, chegou à região de Canudos. Com 557 soldados e oficiais, metralhadoras e dois canhões, o grupo foi solenemente destroçado e os sobreviventes colocaram-se em fuga. Para o governo brasileiro isso foi uma vergonha. Era necessário dizimar esses sem-terra indesejáveis e outra expedição foi organizada. Para comandar chamaram um herói de guerra, afamado, cheio de honras, o coronel Antônio Moreira César. Com 1300 soldados, bateria de artilharia, esquadrão  de cavalaria, canhões e munição para 16 milhões de tiros. Agora sim, o arraial de Canudos seria pulverizado. Mais uma vez a poderosa força foi aniquilada. Moreira César foi morto e o pânico se instalou no país. Estávamos em março de 1897. Um bando de analfabetos e miseráveis haviam desmoralizado o exército, o governo e os latifundiários brasileiros. De onde vinha essa força? Como conseguiam destruir milícias muito mais poderosas? Que homens e mulheres eram esses? Canudos não podia ficar impune para que seu exemplo não contagiasse outras parte do país.

Revista: Sociologia Editora Escala nº 42 – pág. 72
 Antonio Conselheiro

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