sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A ÉTICA DE CRISTO, ÉTICA "DO HUMANO"




A dificuldade que aqui pode surgir está que, definitivamente, se falamos da “ética de Cristo”, na realidade estamos falando de uma ética baseada em um critério que é também “sobre-humano”, porque seria uma ética baseada nos imperativos ou mandatos de Cristo. Tal dificuldade é compreensível. Todavia, tudo depende de como entendamos o Evangelho de Jesus. Para os cristãos, o Evangelho é, certamente, uma mensagem revelada por Deus. Nessa suposição, como é, lógico, para nós, crentes em Cristo, o Evangelho pode ser lifo como uma mensagem que sai do mais profundo da vida e que tem como finalidade apresentar a qualquer pessoa o mais humano que existe em nós, os mortais. Não esqueçamos nunca que, segundo os relatos do Evangelho, Jesus foi morto pela religião e por seus representantes oficiais. E o mataram precisamente porque Jesus antepôs a vida, ou seja, o humano e a dignidade dos seres humanos a não poucos deveres impostos pela religião, a saber, o sobre-humano. A partir do momento em que as coisas são vistas assim, o Evangelho, antes de ser uma mensagem religiosa, é, sem dúvida, uma mensagem para a vida. Não porque o conteúdo do Evangelho venha a prescindir de Deus, ma porque o critério central do Evangelho de Jesus consiste em que a mediação essencial entre o ser humano e Deus é a vida, a humanização da vida.

Livro: A ética de Cristo   pág. 57-58
Autor: José M. Castillo

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