A
dificuldade que aqui pode surgir está que, definitivamente, se falamos da “ética
de Cristo”, na realidade estamos falando de uma ética baseada em um critério que
é também “sobre-humano”, porque seria uma ética baseada nos imperativos ou
mandatos de Cristo. Tal dificuldade é compreensível. Todavia, tudo depende de
como entendamos o Evangelho de Jesus. Para os cristãos, o Evangelho é,
certamente, uma mensagem revelada por Deus. Nessa suposição, como é, lógico, para nós, crentes em Cristo, o Evangelho pode ser
lifo como uma mensagem que sai do mais profundo da vida e que tem como
finalidade apresentar a qualquer pessoa o mais humano que existe em nós, os
mortais. Não esqueçamos nunca que, segundo os relatos do Evangelho, Jesus foi
morto pela religião e por seus representantes oficiais. E o mataram precisamente
porque Jesus antepôs a vida, ou seja, o humano e a
dignidade dos seres humanos a não poucos deveres impostos pela religião, a
saber, o sobre-humano. A partir do momento em que as coisas são vistas assim, o
Evangelho, antes de ser uma mensagem religiosa, é, sem dúvida, uma mensagem para
a vida. Não porque o conteúdo do Evangelho venha a prescindir de Deus, ma porque
o critério central do Evangelho de Jesus consiste em que a mediação essencial
entre o ser humano e Deus é a vida, a humanização da vida.
Livro: A ética de
Cristo pág.
57-58
Autor: José M. Castillo
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