Na
época das vacas magras
redemocratizado
o país
Governava
a Paraíba
alugava
de meu bolso
em
Itaipu uma casa
do
Estado só um soldado
que lá ficava
sentinela
um
dia meio gripado
que
passara todo em casa
fui
dar uma volta na praia
e vi um pescador
com
sua rede e jangada
mar
adentro saindo
perguntei
se podia ir junto
não me reconheceu
partimos
se arrependimento
matasse
nunca
sofri tanto
jogado naquela
velhíssima
jangada
no
meio de um mar
brabíssimo
voltando agradeci
meses
depois num despacho
anunciaram um
pescador
já adivinhando de
quem
e do que se
tratava
dei
(do meu bolso) três contos
é
para uma nova jangada
que
nunca vi outra
tão
velha
voltou o portador
com
a seguinte notícia
o homem não quer
jangada
quer um emprego
público.
Livro:
Os cem melhores poemas brasileiros do século Pág.
321
Autor:
Francisco Alvim
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