Como
nos primeiros séculos do Cristianismo, também nas últimas décadas, a Igreja
latino-americana foi agraciada com o testemunho de vida e doação desses
numerosos mártires da caminhada de libertação. A igreja de Goiás, Goiânia e de
todo o Centro-Oeste pode se orgulhar de ter em sua história
recente gerado e fortalecido vários desses irmãos, testemunhas do
Evangelho. Entre eles, brilha a figura do padre Francisco Cavazzuti quem vítima de um atentado à bala, resistiu e está
vivo. Embora cego, continua firme no testemunho da justiça e da paz. Nesta
semana, celebram-se os 25 anos do atentado que o padre Chico sofreu quando, na
noite de 27 de agosto de 1987, saía de uma celebração em uma capela da paróquia
de Mossâmedes. A mão que atirou a bala foi de
pistoleiro profissional, mas a cabeça que ordenou o crime é de um sistema que
continua forte e livre na opressão aos empobrecido e na destruição na natureza.
Nesses
dias, o padre Francisco Cavazzuti está de volta a
Goiás e Goiânia. Vários eventos recordam o seu martírio e agradecem a Deus sua
fidelidade.
Nosso
irmão profeta, D. Pedro Casaldáliga nos ensinou que uma igreja que esquece ou
deixa de celebrar seus mártires está esquecendo ou ignorando p Evangelho de
Jesus.
Na
mesma data do atentado sofrido pelo padre Chico, em 1999, no Recife, morria D.
Hélder Câmara. Poucos dias antes, um jornalista lhe perguntava se ele tinha
alcançado os objetivos a que dedicou toda a sua vida no serviço aos mais
empobrecidos. D. Hélder respondeu sem hesitar: “Não! Consegui muito pouco, mas
prometo dedicar até o último suspiro de minha vida a essa causa
que foi a de
Jesus, meu Mestre,
e é a de todos os que têm fome e sede de
justiça”.
Irmãos
e irmãs da caminhada interpelam a nossa Igreja para que não se deixe seduzir
pela tentação do acomodamento, pelo gosto do poder e pela miragem do prestígio
mundano. Quando a igreja passa a olhar apenas para si mesma e se preocupa apenas
com suas atividades internas, se torna idólatra. Deixa de ser sinal de Jesus
Cristo e apresenta uma imagem mesquinha e indigna de Deus. Ainda bem que, nas
periferias, com ou sem apoio oficial, as comunidades e pastorais proféticas
continuam obedecendo a voz do Espírito que sopra onde quer. Como disse Paulo,
“onde houver espírito de liberdade, aí está o Espírito de Deus” (2Cor 3,17).
Jornal O Popular pág.
9
Autor: Marcelo
Barros
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