A
mensagem cristã é proclamação da mais sublime utopia, significa o triunfo do bem
sobre o mal, do Cristo sobre o Anticristo. Quando o bem triunfar de maneira
definitiva, estaremos no estado de felicidade, presença de todo bem, sem mescla
de qualquer mal, o paraíso recuperado, pelo que haverá, não já uma, mas muitas
árvores da vida, que dão doze frutos ao ano e cujas folhas curam todas as
enfermidades (AP 21,6; 22,2.15.17; Ez 47,12).
O
ápice do Evangelho histórico está nas bem-aventuranças, conjunção de contrastes
insuspeitáveis: Bem-aventurados os que passam fome, em
primeiro lugar os famintos, os aflitos, os construtores da paz, os que são
perseguidos, uma vez que, com o advento do Evangelho, chegou uma força poderosa
para acabar com todos os sofrimentos que perturbam a paz e a felicidade humana.
Jesus
Cristo entregou-se à morte para “apresentar a si mesmo uma Igreja gloriosa, sem
mancha nem ruga ou qualquer outro defeito, mas santa e imaculada” (Ef 5,27). Que a Igreja tem de alcançar a perfeição é algo
inquestionável, e que esta Igreja está cheia de imperfeições, de manchas e de
rugas, é algo bem patente. Como também é evidente que a utopia advogue por uma
Igreja que seja uma comunidade fraternal e carismática, na qual funcione, com
todas as suas conseqüências, e em todos os sentidos, o amor fraterno.
A
utopia significa um estado universal de santidade, no qual todos são “santos e
sem defeito” (Ef 1,4), cheios do conhecimento e do
amor de Deus (Is 11,9), fiéis e leais amigos do Senhor (Os 2,21-22). O paradigma
é o Pai: “Sejam perfeitos como é prefeito o Pai de vocês que está no céu” (MT
5,48). “Todo aquele que nasceu de Deus não comete pecado, porque nasceu de Deus”
(1Jo 3,9). Esse estado de impecabilidade irá coincidir
com os tempos culminantes da história humana. “o tempo de restauração de todos as coisas, conforme disse Deus nos tempos passados pela
boca dos seus santos profetas” (At
3,21).
Livro: Pai-Nosso - A
oração da Utopia
pág. 270-271
Autor: Evaristo Martín
Nieto
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