segunda-feira, 10 de setembro de 2012

SONETO - MARIO DE ANDRADE



Aceitarás o amor como eu o encaro?...
...Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.
Tudo o que há de melhor e mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.
Não exijas mais nada.
 Não desejo também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade é simples, e isto apenas.
Que grandeza... A evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições.
 O encanto que nasce das adorações 
serenas.

Livro: Os cem melhores poemas brasileiros do século Pág. 103
Autor: Mário de Andrade

Nenhum comentário:

Postar um comentário