quarta-feira, 22 de agosto de 2012

OSCARITO,SIMPLES,POPULAR E GENIAL


O maior ator cômico do Brasil arrastou multidões ao cinema. Ao lado de Grande Otelo, fez uma dupla inesquecível em 34 filmes antológicos. Alheios às críticas, sempre acreditou no cinema como algo popular.
 Foi fiel a sua ideia até o fim da vida.
O senhor prestes a completar 64 anos de vida havia sido um dos atores mais requisitados do cinema nacional e havia tempos encarava ostracismo. Numa manhã de julho de 1970, acordou saudoso de seu tempo de estrela das telas. Ao lado da mulher e dos dois filhos, encenou os passos de malandro que seus personagens costumavam fazer, batendo os calcanhares no ar. Ao fim, sentiu-se exausto. Avisou, ainda com um toque de bom humor: “Acho que estou gordo e velho”. Essas seriam as últimas palavras de Oscar Lorenzo Jacinto de La Imaculada Concepción Tereza Diaz, conhecido como Oscarito, que sofreu um derrame e, poucos dias depois, tornou-se definitivamente 
 uma saudosa estrela das artes brasileiras.
O fim de vida, com um quê melancólico, outro quê de patético e mais um quê de dramático, foi a síntese de uma trajetória que nem o melhor redator de cinema poderia escrever de quatro décadas, participou de 47 filmes e levou milhares de pessoas ao cinema. Nunca com arroubos de supertar. “Em via, Oscarito deixou um lição de simplicidade, talento e amor genuíno ao trabalho. Hoje, seus filmes ainda encantam pela ousadia e pela comunicação instantânea e popular”,
 destaca a jornalista Jeanne Callegari. 
“Sempre fui Brasileiro”
Com o vertiginoso das chanchadas, Oscarito começou a sair de cena. O último filme importante de que participou foi Os Apavorados, em 1962. aceitou o ostracismo de forma serena. Manteve uma vida simples ao lado da mulher e dos filhos. Sua rotina, de acordo com o Jornal Pasquim, passou a ser “dormir, ir à praia, ler, dormir, acordar, ir à praia.”
Ao morrer, talvez não esperasse quanta gente ainda o tinha em alta conta. Seu velório foi acompanhado por mais de duas mil pessoas. A quem “acusava” de não ser brasileiro, afirmava, orgulhoso: “Vim para cá pequenininho e sofri mais do que sovaco de aleijado. Mas também fui tão aplaudido quanto jogador de futebol e mais criticado que presidente da República. E ainda tive que me virar na vida como malandro de morro.
Logo, o que sempre fui mesmo é brasileiro.

Revista: BRASIL - Almanaque de Cultura Popular
Ano 14 nº 160 pág. 24-25




Nenhum comentário:

Postar um comentário