O
maior ator cômico do Brasil arrastou multidões ao cinema. Ao lado de Grande
Otelo, fez uma dupla inesquecível em 34 filmes antológicos. Alheios às críticas,
sempre acreditou no cinema como algo popular.
Foi fiel
a sua ideia até o fim da vida.
O
senhor prestes a completar 64 anos de vida havia sido um dos atores mais
requisitados do cinema nacional e havia tempos encarava ostracismo. Numa manhã
de julho de 1970, acordou saudoso de seu tempo de estrela das telas. Ao lado da
mulher e dos dois filhos, encenou os passos de malandro que seus personagens
costumavam fazer, batendo os calcanhares no ar. Ao fim, sentiu-se exausto.
Avisou, ainda com um toque de bom humor: “Acho que estou gordo e velho”. Essas
seriam as últimas palavras de Oscar Lorenzo Jacinto de La Imaculada Concepción Tereza Diaz, conhecido como
Oscarito, que sofreu um derrame e, poucos dias depois, tornou-se definitivamente
uma saudosa estrela das artes brasileiras.
O
fim de vida, com um quê melancólico, outro quê de patético e mais um quê de
dramático, foi a síntese de uma trajetória que nem o
melhor redator de cinema poderia escrever de quatro décadas, participou de 47
filmes e levou milhares de pessoas ao cinema. Nunca com arroubos de supertar. “Em via, Oscarito deixou um lição de simplicidade,
talento e amor genuíno ao trabalho. Hoje, seus filmes ainda encantam pela
ousadia e pela comunicação instantânea e popular”,
destaca a jornalista Jeanne
Callegari.
“Sempre
fui Brasileiro”
Com
o vertiginoso das chanchadas, Oscarito começou a sair de cena. O último filme
importante de que participou foi Os
Apavorados, em 1962. aceitou o ostracismo de
forma serena. Manteve uma vida simples ao lado da mulher e dos filhos. Sua
rotina, de acordo com o Jornal Pasquim, passou a ser “dormir, ir à praia, ler,
dormir, acordar, ir à praia.”
Ao
morrer, talvez não esperasse quanta gente ainda o tinha em alta conta. Seu
velório foi acompanhado por mais de duas mil pessoas. A quem “acusava” de não
ser brasileiro, afirmava, orgulhoso: “Vim para cá
pequenininho e sofri mais do que sovaco de aleijado. Mas também fui tão
aplaudido quanto jogador de futebol e mais criticado que presidente da
República. E ainda tive que me virar na vida como malandro de morro.
Logo, o que
sempre fui mesmo é brasileiro.
Revista:
BRASIL - Almanaque de Cultura Popular
Ano 14 nº 160 pág. 24-25
Nenhum comentário:
Postar um comentário