O
dia mundial do meio ambiente e a ecologia (5 de junho),
socializa a preocupação de cientistas e ambientalistas e coloca-a nas agendas
dos governos e dos organismos internacionais que se preocupam com o futuro da
nossa casa comum, o planeta terra. A emergência desta nova consciência mundial,
a respeito da responsabilidade ecológica, faz crescer o número de pessoas que
assumem como sua esta responsabilidade de num a perspectiva espiritual
(“ecologia profunda”), adotando uma ética de cuidado reverente, não de mera
preservação dos recursos em benefício próprio.
Nas
proximidades desta data, as igrejas cristãs celebram, na festa de Pentecostes, o
dom do Espírito Santo à humanidade, como plenitude das alianças de Deus com o
seu povo, sendo a primeira delas, a aliança com toda a criação, no relato do
dilúvio.
Umas
das leituras que ouvimos nesta festa de Pentecostes (na vigília) é Romanos 8,22-27 no contexto da nova Aliança: “Sabemos que toda a
criação, a um só tempo, geme e suporta angústias do parto até agora. E não
somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente
gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso
corpo. (...) E o Espírito vem em socorro de nossa
fraqueza...”´
É
um gemido de parto, que coincide com a redenção do corpo, evocando o íntimo
parentesco entre o corpo que somos e o cosmos, evocando a consciência de que
somos terra, em nada diferentes no processo evolucional dos outros animais,
gemendo o mesmo gemido. Ao mesmo tempo possuímos o sopro, somos sorridos pelo
Espírito que não nos deixa esquecer que somos luz, nós com todo o universo,
repletos do Espírito que “tudo enlaça em seu
amor”.
Nisto
consiste a esperança: em nossa condição mortal, carregando toda a fragilidade da
nossa condição, mas habitados/as e circuncidados/as pela claridade da mais pura
luz que está na origem de toda a criação, podemos viver como filhos e filhas da
luz. A imagem da ventania (sopro) e das chamas de Pentecostes vem relembrar
nossa condição de criaturas iluminadas pelo Espírito, capazes de escutar a
palavra que vem da diferença, capazes de cuidar das pessoas e de todas as outras
criaturas que nos circundam.
Revista: Liturgia
Ano 37 nº 219
pág. 3
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