sábado, 18 de agosto de 2012

LER PARA QUE?


Na abordagem sociológica de Pierre Bourdieu (1930-2002), toda prática humana está inserida numa ordem social que reproduz as fronteiras entre diferentes camadas sociais.  Deste modo, uma sociedade perpassada por fortes contradições sociais via sistema capitalista, a escola revela-se como um elemento fundamental para instrumentalizar e legitimar as desigualdades sociais. Recentemente foi divulgada a pesquisa Retrato da leitura no Brasil, pelo instituto Pró-Livro em parceria com o IBOPE inteligência. Naquela oportunidade foram levantados os dados nacionais sobre o número de brasileiros considerados leitores, ou seja, aqueles que tinham por hábito ler pelo menos uma obra nos últimos três meses. Segundo o Instituto Pró-Livro, caiu de 95,6 milhões (55% da população estimada) em 2007, para 88,2 milhões (50% da população), em 2011 o número de leitores assíduos no Brasil. A redução pelo interesse na leitura até as crianças e adolescentes em idade escolar, que leem por obrigação acadêmica. O registro destes dados sobre a redução no interesse pela leitura nasce de uma série de fatores, como a ausência de influência dos meios familiares pelo hábito de leitura, pela carência de bibliotecas públicas estruturadas, a inserção de meios eletrônicos, etc. Evidentemente que, além das distâncias sociais (culturais) reproduzidas pela escola, também estão em questão os mecanismos de acesso às informações que não são democratizadas e nem bem utilizadas.

Revista: Sociologia Ano IV nº 40 pág. 58
Autor: Marcelo Alves Pereira Eufrásio


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