terça-feira, 14 de agosto de 2012

DEPRESSÃO ENDÓGENA Ígnácio Larrañaga


Há pessoas que nasceram com inclinações tão maçadas para a melancolia que, sem nenhum agente exterior ou motivo interno, caem periodicamente em crises terríveis. São as depressões endógenas, por certo as mais temíveis
Têm múltiplas variações quanto à periodicidade de sua aparição, duração, intensidade e outros elementos. O que não variam são os sintomas:
 são notavelmente regulares e uniformes.
Tais pessoas geneticamente depressivas estão agindo normalmente no ambiente geral de sua vida quando, de repente e sem intervenção de nenhuma circunstância exterior indutora, caem nas garras do distúrbio depressivo,
 com o peso de todos os seus sintomas.
As crises podem ter a mais variada durabilidade: horas, dias, semanas, meses. Se as crises são prolongadas, os deprimidos sofrem – façamos uma comparação – oscilações semelhantes às do clima: agora há nuvens baixas, escuras e oprimentes; mais tarde, continua nublado mas com nebulosidade alta e fraca; depois aparecem pequenos resquícios de azul; horas mais tarde o horizonte se cobre de novo de nuvens cinzentas. Mas, de todas as formas, o céu está sempre nublado. De maneira semelhante, durante uma prolongada crise de melancolia os afetados,
 passam por uma porção de flutuações de intensidade.
Quando a crise passa (sem explicação nem motivo, como veio) as pessoas voltam a ser completamente normais. Até amanhece em seus rostos um ar de festa, como a paisagem se veste de alegria depois de uma chuvarada.
Esse tipo de depressões endógenas, cíclicas ou não, não aparece durante a infância e, em geral, nem na juventude, mas mais tarde e, como dissemos nenhum fator externo que as desencadeie.

Livro: Sofrimento e Paz
Autor: Inácio Larrañaga




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