Há
pessoas que nasceram com inclinações tão maçadas para a melancolia que, sem
nenhum agente exterior ou motivo interno, caem periodicamente em crises
terríveis. São as depressões endógenas, por certo as mais
temíveis
Têm
múltiplas variações quanto à periodicidade de sua aparição, duração, intensidade
e outros elementos. O que não variam são os sintomas:
são notavelmente regulares
e uniformes.
Tais
pessoas geneticamente depressivas estão agindo normalmente no ambiente geral de
sua vida quando, de repente e sem intervenção de nenhuma circunstância exterior
indutora, caem nas garras do distúrbio depressivo,
com o peso de todos os seus
sintomas.
As
crises podem ter a mais variada durabilidade: horas,
dias, semanas, meses. Se as crises são prolongadas, os deprimidos sofrem –
façamos uma comparação – oscilações semelhantes às do clima: agora há nuvens
baixas, escuras e oprimentes; mais tarde, continua nublado
mas com nebulosidade alta e fraca; depois aparecem pequenos resquícios de
azul; horas mais tarde o horizonte se cobre de novo de nuvens cinzentas. Mas, de
todas as formas, o céu está sempre nublado. De maneira semelhante, durante uma
prolongada crise de melancolia os afetados,
passam por uma porção de flutuações
de intensidade.
Quando
a crise passa (sem explicação nem motivo, como veio) as pessoas voltam a ser
completamente normais. Até amanhece em seus rostos um ar de festa, como a
paisagem se veste de alegria depois de uma
chuvarada.
Esse
tipo de depressões endógenas, cíclicas ou não, não aparece durante a infância e,
em geral, nem na juventude, mas mais tarde e, como dissemos nenhum fator externo
que as desencadeie.
Livro: Sofrimento e Paz
Autor:
Inácio Larrañaga
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