Um aforismo diz que Deus se adora, aos santos se venera e a Nossa Senhora... se ama. Prende-nos à Mãe de Cristo um laço de inteira afeição, porque Jesus, moribundo, no-la quis deixar em herança como Mãe também nossa, e às mães se ama... e está tudo dito. Mas isso não exclui, antes pressupõe necessariamente que a Deus se ame com todo o coração – é o primeiro mandamento da lei divina (cf. Mt 22,37) -, e leva a que se amem os santos, pois amaram a Deus com todas as suas forças.
Amar a Deus... Quando não o olham com indiferença, hostilidade ou mesmo ódio, as pessoas respeitam a Deus, temem a Deus, mas no fundo não o conhecem. Assim é e assim tem sido ao longo das gerações. Deus foi ao longo das gerações. Deus absconditus -, e não é muito possível amar a quem não se conhece. Foi por isso que Ele, tendo falado outrora pelos Profetas, ultimamente falou-nos pelo seu Filho (cf. Hebr 1, 1-2). A segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o Verbo, assumiu plenamente a natureza humana e habitou entre nós. E a partir daí nenhum ser humano pode dizer que não tem condições de conhecer a Deus diretamente: o Deus invisível se fez visível. E conhecê-lo, tal como se deu a conhecer com a encarnação do Verbo, é necessariamente amá-lo. Não é outra a consequência que se pode tirar da leitura das páginas precedentes. Em Cristo, Deus se nos revela infinitamente digno de ser amado com toda a alma, com todas as energias. É infinitamente amável.
Constitui uma gratíssima surpresa verificar que o Papa João Paulo II, na Carta Apostólica Novo Millenio ineunte, de 6.01.2001, ao estabelecer a diretriz fundamental que deve mortear o novo milênio em que entrou a humanidade, indica retomarmos o caminho de sempre [...], o olhar permanece fixo no rosto do Senhor.
Livro: O Coração de Cristo
Autor: Jean Galot
Pg. 206/207
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