sábado, 9 de fevereiro de 2013

SOCIEDADE SECRETA- OS CÁTAROS/ALBIGENSES


         O início do catarismo é impreciso. Alguns historiadores acreditam que o movimento religioso nasceu em Constantinopla e foi trazido para a Europa Ocidental depois da 2ª Cruzada, por volta de 1147 e 1149. Outros pesquisadores sugerem que as primeiras idéias de um movimento religioso (que ainda não tinha um nome oficial) começaram, por volta de 1022, quando dois monges foram injustamente queimados vivos, acusados de satanismo.
         O bispo de Toulouse, a maior cidade de Languedoc,  na França, foi contra a execução. Mas o que a autoridade eclesiástica escondia dos poderosos da Igreja é que ele se reunia secretamente em outros clérigos.  Para discutir suas idéias pouco ortodoxas e as insatisfações com o catolicismo          praticado na época. O grupo acreditava, por exemplo, que Deus era um espírito puro e que a criação do mundo não tinha nada de divino, mas era, sim, o resultado de uma obra perversa, criada pelas forças do mal.
         As idéias dos primeiros cátaros que aspiravam a volta do cristianismo primitivo começaram a se espalhar pela Europa. A nova crença arregimentou adeptos na Catalunha (Espanha), na Alemanha, na Inglaterra e na Itália. Seguidores da doutrina cátara recebiam diferentes nomes de acordo com seu país de origem.
         O movimento, entretanto, levou mais de 150 anos para se afastar definitivamente da igreja oficial.
         O catarismo também baseou seus fundamentos no Sermão da Montanha, um longo discurso proferido por Jesus, no qual o próprio Cristo ensinou aos seus seguidores lições de conduta e de moral, ditando os princípios que normatizam e orientam a vida cristã, aquela que conduzirá o homem à sua verdadeira liberdade. De acordo com a doutrina cátara, Cristo não foi um mensageiro de Deus que veio para ensinar o caminho da salvação, como prega a Igreja Romana, mas representou a vitória do mal que jamais poderia ser vencido pela crucificação de Cristo. A salvação segundo eles, só era alcançada por quem seguisse ao pé da letra os preceitos do Sermão da Montanha, pois a Igreja Romana era, sim, um reduto de anticristos. Eles abdicavam de suas posses materiais e procuravam levar uma vida pura. Seus padres se vestiam com hábitos negros e rejeitavam os sacramentos, como o batismo, a eucaristia e o matrimônio. E não se incomodavam com o sexo fora do casamento. ‘A castidade devia ser priorizada, mas se não fosse possível mantê-la, melhor seria manter encontros casuais do que oficializar o mal por meio do casamento, um sacramento não aceito por eles.
         O papa Inocêncio III autorizou uma Cruzada, comandada pelo rei da França, Felipe II que, com outros nobres de Toulouse, iniciaram a carnificina que durou de 1209 a 1244. Na primeira fase da cruzada, foram mortos 20 mil pessoas entre homens, mulheres e crianças. Quando um oficial perguntou ao representante do papa, o Abade Arnaldo Amauri, como ele conseguiria distinguir os hereges dos crentes verdadeiros, a resposta foi: “Matem-nos todos. Deus reconhecerá os seus.”
         Os cátaros que resistiram às cruzadas finalmente foram exterminados pela inquisição em Ariège, na metade do século 13.


Autor: Rose Mercatelli
Revista: Leituras da História  pág. 50-53

Postagem Masé Soares

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