O início
do catarismo é impreciso. Alguns historiadores acreditam que o movimento
religioso nasceu em Constantinopla e foi trazido para a Europa Ocidental depois
da 2ª Cruzada, por volta de 1147 e 1149. Outros pesquisadores sugerem que as
primeiras idéias de um movimento religioso (que ainda não tinha um nome oficial)
começaram, por volta de 1022, quando dois monges foram injustamente queimados
vivos, acusados de satanismo.
O bispo
de Toulouse, a maior cidade de Languedoc, na França, foi
contra a execução. Mas o que a autoridade eclesiástica escondia dos poderosos da
Igreja é que ele se reunia secretamente em outros clérigos. Para discutir suas idéias pouco ortodoxas e
as insatisfações com o catolicismo
praticado na época. O grupo acreditava, por exemplo, que Deus era um
espírito puro e que a criação do mundo não tinha nada de divino, mas era, sim, o
resultado de uma obra perversa, criada pelas forças do mal.
As idéias
dos primeiros cátaros que aspiravam a volta do
cristianismo primitivo começaram a se espalhar pela Europa. A nova crença
arregimentou adeptos na Catalunha (Espanha), na Alemanha, na Inglaterra e na
Itália. Seguidores da doutrina cátara recebiam diferentes nomes de acordo com
seu país de origem.
O
movimento, entretanto, levou mais de 150 anos para se afastar definitivamente da
igreja oficial.
O
catarismo também baseou seus fundamentos no Sermão da Montanha, um longo
discurso proferido por Jesus, no qual o próprio Cristo ensinou aos seus
seguidores lições de conduta e de moral, ditando os princípios que normatizam e
orientam a vida cristã, aquela que conduzirá o homem à
sua verdadeira liberdade. De acordo com a doutrina cátara, Cristo não foi um
mensageiro de Deus que veio para ensinar o caminho da salvação, como prega a
Igreja Romana, mas representou a vitória do mal que jamais poderia ser vencido
pela crucificação de Cristo. A salvação segundo eles, só era alcançada por quem
seguisse ao pé da letra os preceitos do Sermão da Montanha, pois a Igreja Romana
era, sim, um reduto de anticristos. Eles abdicavam de suas posses materiais e
procuravam levar uma vida pura. Seus padres se vestiam com hábitos negros e
rejeitavam os sacramentos, como o batismo, a eucaristia e o matrimônio. E não se
incomodavam com o sexo fora do casamento. ‘A castidade devia ser priorizada, mas
se não fosse possível mantê-la, melhor seria manter encontros casuais do que
oficializar o mal por meio do casamento, um sacramento não aceito por eles.
O papa
Inocêncio III autorizou uma Cruzada, comandada pelo rei da França, Felipe II
que, com outros nobres de Toulouse, iniciaram a carnificina que durou de
1209 a
1244. Na primeira fase da cruzada, foram mortos 20 mil pessoas entre homens,
mulheres e crianças. Quando um oficial perguntou ao representante do papa, o
Abade Arnaldo Amauri, como ele conseguiria distinguir os hereges dos crentes
verdadeiros, a resposta foi: “Matem-nos todos. Deus reconhecerá os
seus.”
Os
cátaros que resistiram às cruzadas finalmente foram exterminados pela inquisição
em Ariège, na metade do século 13.
Autor: Rose Mercatelli
Revista: Leituras da História pág. 50-53
Postagem Masé Soares
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