terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A PAIXÃO DE CRISTO
 
         Jesus tomou sobre si a condição humana de forma cada vez mais concreta à medida que sua vida progredia. No jardim de Getsêmani, ele tomou sobre si o pecado do mundo com todas as suas consequências. Ele experimentou todos os níveis de solidão, culpa e angústia que qualquer ser humano já sentiu. O terrível acúmulo de miséria, pecado e culpa humanos, recaiu sobre ele. Eles se sentiu solicitado por seu Pai a se identificar com essa miséria em toda a sua imensidão e em todo o seu horror. Esse foi o dilema que Jesus articulou tão vividamente no Jardim de Getsêmani. Depois de pedir em vão aos apóstolos que vigiassem por uma hora com ele, ele se retirou e caiu com o rosto por terra clamando: “Meu Deus, se é possível, esta taça passe longe de mim”. Causou-lhe agonia inimigável a clara percepção de que o Pai lhe pedia que se afastasse dele como ninguém jamais fizera. Ao absorver o sentimento de eu separado em seu ser mais íntimo, Jesus tornou-se pecado. Como escreve Paulo: “Aquele que não conhecera o pecado, ele o fez pecado para a nossa Salvação.
         Jesus estava dividido entre as escolhas apresentadas pelo dilema: “Devo me tornar pecado e assim renunciar à minha relação pessoal com Abba” ou “Devo me tornar pecado e assim experimentar a separação daquele que é minha vida toda?
         Sua oração continua: “Todavia, não como eu quero, mas como tu queres”. Essa é a voz da fraqueza humana se estendendo para o infinito, a voz da pecaminosidade humana que Jesus tomou sobre si e com a qual se identificou no Jardim.
         “Não como eu quero, mas como tu queres”. Essa é a voz do amor infinito de Deus por nós, palpitando no coração de Cristo, perdoando tudo e todos.

Livro Mistério de Cristo   pág. 89-90
Autor: Thomas Keating

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