Os contatos entre Brasil e China aumentaram muito recentemente, mas a relação entre os dois países não é nova. Começou há 200 anos, quando D. João VI trouxe um grupo de imigrantes orientais para plantar chá no Rio de Janeiro.
Mirante e forma de pagode oriental feito de troncos semelhantes ao bambu, a Vista Chinesa é um dos mais famosos pontos turísticos do Rio de Janeiro. O que pouca gente sabe, no entanto, é que esse pitoresco monumento é o símbolo de um dos capítulos menos conhecidos da história da imigração no Brasil.
Em seu livro Minhas memórias dos outros, de 1936, o escritor Rodrigo Octavio (1866-1944), um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, conta que o lugar onde o mirante foi construído era conhecido, a princípio, como “Rancho dos China”. O nome faz referência a um grupo de imigrantes chineses trazidos ao Brasil no início do século XIX por iniciativa de D. João VI para plantar chá na região. O projeto não prosperou,mas marcou, mas marcou o início da presença chinesa no Brasil, que este ano completa 200 anos.
Os imigrantes orientais chegaram por volta de 1812 para trabalhar em plantações de chá na Fazenda de Santa Cruz, situada na ilha do Governador, e no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, localizado no pé da montanha onde fica a Floresta da Tijuca. Os agricultores que começaram a cultivar o produto nessa segunda área se instalaram nas encostas da mata onde estão os fundos do Jardim Botânico. Esse é a origem do “Rancho dos China” ao qual se refere Rodrigo Octavio.
Calcula-se que nessa primeira leva foram trazidas entre 200 a 500 pessoas, mas não há registro de entrada desses imigrantes no Brasil, possivelmente por se tratar de simples coolies, trabalhadores indianos ou chineses do período neocolonial, sem escolaridade ou qualificações, que executavam as tarefas mais árduas e recebiam salários baixíssimos, como observa o jornalista e crítico de arte José Roberto Teixeira Leite em seu livro A China no Brasil, de 1999.
Segundo Teixeira Leite, o primeiro registro de entrada de estrangeiros chineses no Brasil data de 10 de setembro de 1814. de acordo com o historiador José Honório Rodrigues (1913-1987), tratava-se de “quatro chins educados, segundo se depreende da grafia”. Eles se chamavam Liang Chou, Ming Huang, Chian Chou e Tsai Huang e foram morar na casa do conde da Barca, então ministro dos Negócios de Guerra e Estrangeiros, o que “faz supor que tivessem alguma missão oficial, talvez a de iniciarem as plantações de chá, afirma Rodrigues.
Autor: Antonio José Bezerra de Menezes Jr.
Revista:História Viva Ano IX N° 106 pg. 66-67
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