terça-feira, 31 de julho de 2012

Globalizar a dignidade humana


A atual globalização neoliberal, predominantemente econômica, impõe à humanidade padronização rígida, que favorece os interesses de minorias poderosas e estrangula as necessidades das maiorias empobrecidas. Mas pode haver “globalização” que beneficie a humanidade em seu todo.
O lingüista crítico norte-americano Noam Chomsky, professor no Massachusetts Institute of Technology, define a globalização vigente como “mercantilismo das corporações”, onde decisões sobre relações sociais, econômicas e políticas são, cada vez mais, centradas em instituições privadas, sem nenhum mecanismo de controle social. Não pode entregar o destino da humanidade ao “mercantilismo das corporações”, que reduz seres humanos a mercadorias. Importa contestar e afastar resolutamente a globalização que arruína milhões de vidas humanas.
Com razão, Robrt Kurz sugere: “O que nos falta é a globalização de nova crítica social”. Pois a globalização integral deve abranger a humanidade toda, em seu volume demográfico, na diversidade de raças, culturas, políticas, economias e religiões. A verdadeira globalização defende e projeta a vida, a liberdade, a nacionalidade, a autonomia, as aspirações, os direitos fundamentais, a participação e a dignidade de todos os povos. Ninguém tem o direito de dominar ou excluir patê da humanidade para salvaguardar sistema comprovadamente desumano.
A genuína globalização garante espaço ao pensar alternativo e abre caminhos para soluções originais e até divergentes. A consciência da humanidade exige globalização pluralista que inclui pessoas, raças e nações diferenciadas, mas sem hostilidade. A globalização criadora dos povos, sem sectarismo. E sabe reconhecer o valor humano e o pensamento especulativo no cientista e no “selvagem”, como o demonstra Claude Lévi-Strauss. A globalização autêntica é heterogênea e não se filia ao “pensamento único”. Associa unidade com diversidade. E mobiliza a interação entre “igualdade e diferença”, como diz Arjun Appadurai. Referindo-se à globalização diagonal, o dramaturgo Augusto Boal fala em “nova realidade onde se busca unificar a humanidade, mas não uniformizar os seres humanos”. Esse é o rumo.

Livro: Antropologia
Autor: Juvenal arduini
Pg. 151-152

Nenhum comentário:

Postar um comentário