quarta-feira, 27 de junho de 2012

O MENINO QUE IA VIRAR SABÃO- Paulo Motta


O MENINO QUE IA VIRAR SABÃO...

 A família ia se despedir de um filho seminarista que deveria seguir para São Paulo. Eram ao todo onze pessoas. Além dos pais, uma amiga bem gorda, e oito filhos na idade de 2 a 14 anos... Era uma tropa!
 Viajavam de trem e o tempo era chuvoso. A meta era a cidade de Cachoeiro de Itapemirim e a chegada era prevista para as dezoito horas, mas tendo caído uma barreira na estrada, o trem chegou somente às duas da madrugada. Dezoito horas de viagem... Todo mundo moído de cansaço...

Quando ainda em casa a irmã mais velha, Mariinha disse para os mais novos que deveriam andar sempre de mãos dadas na cidade para não se perderem, pois havia um carro que pegava os cachorros e crianças perdidos nas ruas 
e levava para fazer sabão...

 Chegados ao destino o pai se dirigiu com a família para procurar um hotel, deixando na estação as malas e um filho de sete anos para ficar vigiando, que ele voltaria para levar em seguida a bagagem mais pesada que ali ficava.
O menino admirado com as manobras dos trens,
 máquinas e vagões indo e vindo, apitos, ficou absorto...
Ele era filho de chefe de estação e nunca vira tanta movimentação nos trilhos...
O pai voltou depois de algum tempo, pegou as malas e foi ao encontro da família já localizada no hotel, sem reparar que o menino não o seguia.
O garoto quando olhou e não viu nem as malas nem o pai, corria por toda a extensão da plataforma de um lado para outro procurando seu pai, 
e não o achando se viu sozinho. Então começou a chorar...
Um soldado que estava ali de serviço foi ao encontro do menino, mas este corria com medo do soldado, porém, este o alcançou  e  perguntou por que estava ali sozinho e chorando. O menino contou sua desventura. O soldado se prontificou a ir com ele ao encontro dos pais e irmãos, pois tinha reparado aquela numerosa família, inclusive a presença de uma senhora gorda. Mas o menino não aceitou a ajuda do policial, dizendo: o senhor quer é me levar para a carrocinha para me fazerem sabão... O militar e outras pessoas que ouviam a conversa começaram a rir da resposta do menino e se perguntavam onde ele ouvira esta estória
 de fazer sabão de menino perdido...
Então várias pessoas juntas foram acompanhando o menino até seus pais. Quando alcançaram, o soldado perguntou  ao pai se não tinha perdido um filho.

 O pai começou a chamada de um por um. Não faltava ninguém, mas o soldado disse: esse aqui,  ia virar sabão...
 Aí foi a gozação de todos em cima do pobre coitado que se distraíra com os trens e acreditara na invenção de Mariinha.
      
            Moral da estória: “Não se educa através do medo”

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