sábado, 16 de junho de 2012

Histórico da Devoção ao Imaculado Coração de Maria


                 Histórico da Devoção ao Imaculado Coração de Maria


A expressão “cor immaculatum” é moderna. Ela se tornou de uso corrente depois da definição do dogma da Imaculada Conceição. Depois das aparições da Virgem em Fátima e da publicação dos escritos de irmã Lúcia, a expressão “coração imaculado” se impôs no uso eclesial e litúrgico. Ela atingiu a máxima difusão nos anos de 1942 e 1952, por causa da influência exercida pelos acontecimentos de Fátima, que determinaram a consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria e uma quantidade de outras consagrações por parte de instituições eclesiais e às vezes civis. O movimento de piedade para com o Coração Imaculado de Maria alcançou o seu ápice em 1944 com a extensão da festa a toda a Igreja latina. Esses anos eram também anos de intenso florescimento da piedade mariana: nela se inseriu, com vigor jamais conhecido antes, a devoção ao Coração de Maria.
                                       São João Eudes
Na história da devoção é preciso dar lugar especial a este santo “evangelista, apóstolo e doutor” da devoção aos sagrados corações de Jesus e Maria. Que pretendia dizer São João Eudes com a expressão “Coração de Maria”? Em um de seus textos significativos nos dizem tudo. “O seu coração é a fonte e o princípio de todas as grandezas, excelências e prerrogativas com que se adorna, de todas as qualidades eminentes que a elevam acima de todas as criaturas, como o ser filha primogênita do eterno Pai, mãe do Filho, esposa do Espírito Santo e templo da Santíssima Trindade. Quer dizer também que esse santíssimo coração é a fonte de todas as graças que acompanham essas qualidades… e quer dizer ainda que esse mesmo coração é a fonte de todas as virtudes que praticou… E porque foram a humildade, a pureza, o amor e a caridade do coração que a tornaram digna de ser a mãe de Deus e como conseqüência, de possuir todos os dotes e todas as prerrogativas que devem acompanhar essa altíssima dignidade”.
                                        As aparições de Fátima
Hoje, em uma história da devoção ao Coração de Maria, não podemos deixar de fazer menção à mensagem cordimariana que, como nova primavera, as aparições de Fátima nos legaram e devido seu revigoramento, obitveram reconhecimento eclesial.
O anjo de Fátima, já na primeira e na segunda aparições, afirma: “Os Sagrados Corações de Jesus e de Maria têm o vosso respeito projetos de misericórdia”. E, na terceira aparição, une a reparação ao Coração de Jesus à reparação ao Coração de Maria. A Virgem, na segunda aparição (junho de 1917), declara que Lúcia é apóstola da devoção ao seu Coração com estas palavras: “Jesus quer servir-se de ti para me fazeres conhecer e amar. Ele quer estabelecer ao mundo a devoção ao meu Coração Imaculado. Prometo a salvação a quem a praticar, essa almas serão amadas por Deus como flores colocadas por mim para adornar o seu trono”.
No entanto, é sobretudo na aparição de junho de 1917 que a mensagem sobre o Coração de Maria se enriquece com uma série de elementos de grande importância: a visão do inferno, o futuro da Rússia soviética, os sofrimentos do mundo, da Igreja e do papa, o triunfo final do Coração de Maria. Nessa aparição a Virgem promete voltar novamente para pedir a comunhão reparadora nos primeiros sábados e a consagração da Rússia. A mensagem cordimariana em Fátima não só assumiu dimensão mundial e eclesial, mas ainda foi posteriormente aprofundada e interiorizada. Quando, nos anos de 1942 e seguintes, se difundem as duas primeiras parte do chamado “segredo de Fátima”, Fátima se transforma em fenônemo carismático eclesial de primeira ordem; a partir deste momento começa como que uma nova era na história da Devoção ao Coração de Maria.
                                         Origem histórica da Festa
De fato, quem promoveu a celebração litúrgica do Coração de Maria foi São João Eudes (1601-1680), conforme explícitas declarações de Leão XIII (1903) e de Pio X (1909), que o chamam “pai, doutor e primeiro apóstolo” da devoção e particularmente do culto litúrgico aos Sagrados Corações de Jesus e de Maria, a que o santo quis que fossem consagrados de modo especial os religiosos da sua congregação. A 31 de outubro de 1942 (e depois, solenemente, a 8 de dezembro na basílica vaticana), no 25º aniversário das aparições de Fátima, Pio XII consagrava a Igreja e o gênero humano ao Coração Imaculado de Maria: como recordação perene de tal ato, a 4 de março de 1944, com o decreto “Cultus liturgicus”, o papa estendia à toda a igreja latina a festa litúrgica do Coração Imaculado de Maria, designando-lhe como dia próprio 22 de agosto – oitava da Assunção – e elevando a rito duplo de segunda classe. O atual calendário reduziu a celebração à memória facultativa e quis encontrar para ele um lugar mais adequado colocando-a no dia seguinte à solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus.
Conteúdos dos textos litúrgicos
Essa aproximação das duas festas (Sacratíssimo Coração de Jesus e Imaculado Coração de Maria) nos faz voltar à origem histórica da devoção: na verdade, São João Eudes, nos seus escritos, jamais separa os dois corações. Aliás, durante nove meses a vida do Filho de Deus feito carne pulsou seguindo o mesmo ritmo da vida do coração de Maria. Mas os textos próprios da missa do dia destacam mais a beleza espiritual do coração da primeira discípula de Cristo.


Fonte: Dicionário de Mariologia, 1995 – Editora Paulus


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