Vós, que amais a natureza,
é preciso vir para vê-la,
recém-brotada das águas,
como no céu uma estrela!
Ontem mesmo nada havia,
dissimulado botão;
ergue agora no cristal
a sua branca ascensão.
Nasce no jardim do claustro,
não na terra, mas no tanque;
vai vendo abrirem-se as outras
de um aquático palanque.
E tem gestos de oriente
a corola estilizada,
pondo brancas sombras de anjos
na superfície irisada.
Vinde vê-la! Oh, não podeis:
pois foi nascer na clausura
e já bóia, branca Ofélia,
nas águas da sepultura.
Tão depressa brita o poema
de efêmera duração;
mal risca de leve a vida
o anseio do coração...
Poesia de Dom Marcos Barbosa
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