quarta-feira, 20 de junho de 2012

O Pequeno Príncipe

Aconteceu que o pequeno príncipe, tendo andado
 muito tempo pelas areias, pelas rochas e pela neve,
descobriu, enfim, uma estrada. E as estradas vão
todas em direção aos homens.
- Bom dia! – disse ele.
Era um jardim cheio de rosas.
- Bom dia! – disseram as rosas.
Ele as contemplou. Eram todas iguais à sua flor.
- Quem sois? – perguntou ele, espantado.
- Somos as rosas – responderam elas.
- Ah! – exclamou o principezinho...
E ele se sentiu extremamente infeliz. Sua flor lhe havia
dito que ela era a única de sua espécie em todo o universo.
E eis que havia cinco mil, iguaizinhas, num só jardim!
“Ela teria se envergonhado”, pensou ele, “se visse isto...
Começaria a tossir, simularia morrer para escapar ao ridículo.
E eu seria obrigado a fingir que cuidava dela; porque
Se não, só para me humilhar, ela seria capaz
de morrer de verdade...”
“Este planeta é completamente seco, pontudo e salgado.”
Depois, refletiu ainda: “Eu me julgava rico por ter uma
flor única, e possuo apenas uma rosa comum.
Uma rosa e três vulcões que não passam do
meu joelho, estando um, talvez, extinto
para sempre. Isso não faz de mim um príncipe
muito poderoso...”
E, deitado na relva, ele chorou.
Mas a raposa com que conversou lhe disse:
- Vai rever as rosas. Assim compreenderás que a tua
é única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus,
e eu te presentearei com um segredo.

O pequeno príncipe foi rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa,
vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou,
nem cativastes ninguém. Sois como era a minha raposa.
Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas
eu a tornei minha amiga. Agora ela é única
no mundo.
E as rosas ficaram desapontadas.
- Sois belas, mas vazias – continuou ele. – Não se
pode morrer por vós. Um passante qualquer
sem dúvida pensaria que a minha rosa se parece
convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante
que todas vós, pois a ela que eu reguei. Foi ela
que pus sob a redoma. Foi ela que abriguei com 
para-vento. Foi por ela que eu matei as larvas
(exceto duas ou três, por causa das borboletas).
Foi a ela que eu escutei se queixar ou se gabar, ou mesmo
calar-se algumas vezes, já que ela é a minha rosa.

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