Os ecos
da Rio+20 ainda ressoam. Muitos analistas ainda expressam na mídia sua visão do
significado dessa reunião mundial ocorrida no Rio em junho último. As visões e
avaliações têm os mais variados matizes, conforme o lugar do qual se fala. No
Aterro do Flamengo ocorreu a Cúpula dos Povos, no Forte de Copacabana
reuniram-se entidades empresariais e no Pavilhão do Rio Centro estiveram
presentes as delegações oficiais dos países com assento na ONU.
Estou
entre os que acham que deveríamos ter aprofundado e avançado o legado da
Rio-92, quando três Convenções ambientais e a Agenda 21
foram criadas e foi feita a recomendação de que a sociedade produzisse seu
documento em relação ao meio ambiente, que veio a denominar-se Carta da
Terra.
Vinte
anos depois, o que fizeram os líderes mundiais na Rio+20? Resolveram adiar a
decisão. Os fundos financeiros para medidas que corrijam rumos e mitiguem os
problemas da degradação ambiental não foram aprovados. As discussões em torno
de consumo não avançaram porque feriam os interesses dos Estados Unidos. Os
meios institucionais para integrar as medidas de socorro ao planeta em agonia
foram solenemente ignorados.
Porém tive alegrias também. Na condição de membro do
conselho que assessora o secretário-geral da ONU nos Objetivos do Milênio,
participei de reuniões em que jovens demonstraram ter, como na profecia de Joel
2, 28, visão coragem e vontade de assumir responsabilidades e, no seu turno,
desenvolver uma governança ambiental comprometida com a sustentabilidade.
Por outro lado, havia a alegria de ver naqueles e em
tantos outros jovens participantes da Rio+20 o cumprimento da profecia. Por
outro, havia a tristeza de constatá-la ainda incompleta, na falta de sonhos dos
que, envelhecidos em suas certezas, a cada decisão adiada deixam esses jovens
desamparados em seus medos e dúvidas diante de um futuro que, em lugar de
descortinar esperanças, os assusta e ameaça.
Revista: Ultimato
pág. 41
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