A promessa articulada
inicialmente pelo profeta Natã (2Sm 7.12-16), de que Deus governaria seu povo e
restauraria sua glória por meio de um rei sucessor de Davi, foi uma das pedras
fundamentais da esperança escatológica de Israel ao longo de sua história
registrada no Antigo Testamento. A convicção de que Deus não rescindiria
permanentemente o pacto davídico se manteve firme ainda em meio ao sofrimento
sob o juízo de Deus causado pela infidelidade expressa especialmente na prática
da injustiça e da idolatria. Jeremias 23.5-6 exemplifica bem essa esperança:
após o anúncio do castigo a reis malvados, vem uma palavra de esperança que tem
como foco o advento de um descendente de Davi que “reinará e agirá sabiamente,
e praticará o juízo e a justiça na terra”. Com o tempo, essa esperança,
filtrada pela peneira de aspirações nacionalistas, teria como resultado a
construção ideológica de um reino judio regido por um descendente de Davi com
sede em Jerusalém.
Várias passagens do Antigo
Testamento refletem a esperança de restauração de Israel por meio de um
Messias, um ungido de Deus, ainda que com importantes variantes no que tange
aos termos em que se cumprirá tal esperança. Em Isaías, por exemplo, ela é
vinculada ao advento do Servo sofredor do Senhor. Vivendo em um período marcado
pela opressão assíria, este profeta do oitavo século antes de Cristo vislumbra
a intervenção de Deus na história de Israel na pessoa e obra do Servo do
Senhor, sobre quem Deus pôs seu Espírito (Is 42,1). Os primeiros versículos do
capítulo afirmam reiteradamente que sua missão terá como foco a justiça: “Trará
justiça aos gentios” (v.2); “não faltará, nem será quebrantado, até que ponha
na terra a justiça”(v.4); “Eu, o Senhor, te chamei em justiça” (v.6).
Autor: René
Padilla
(Postado por Masé)
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