sábado, 6 de outubro de 2012

A MISSÃO DO REINO DE DEUS


A promessa articulada inicialmente pelo profeta Natã (2Sm 7.12-16), de que Deus governaria seu povo e restauraria sua glória por meio de um rei sucessor de Davi, foi uma das pedras fundamentais da esperança escatológica de Israel ao longo de sua história registrada no Antigo Testamento. A convicção de que Deus não rescindiria permanentemente o pacto davídico se manteve firme ainda em meio ao sofrimento sob o juízo de Deus causado pela infidelidade expressa especialmente na prática da injustiça e da idolatria. Jeremias 23.5-6 exemplifica bem essa esperança: após o anúncio do castigo a reis malvados, vem uma palavra de esperança que tem como foco o advento de um descendente de Davi que “reinará e agirá sabiamente, e praticará o juízo e a justiça na terra”. Com o tempo, essa esperança, filtrada pela peneira de aspirações nacionalistas, teria como resultado a construção ideológica de um reino judio regido por um descendente de Davi com sede em Jerusalém.
Várias passagens do Antigo Testamento refletem a esperança de restauração de Israel por meio de um Messias, um ungido de Deus, ainda que com importantes variantes no que tange aos termos em que se cumprirá tal esperança. Em Isaías, por exemplo, ela é vinculada ao advento do Servo sofredor do Senhor. Vivendo em um período marcado pela opressão assíria, este profeta do oitavo século antes de Cristo vislumbra a intervenção de Deus na história de Israel na pessoa e obra do Servo do Senhor, sobre quem Deus pôs seu Espírito (Is 42,1). Os primeiros versículos do capítulo afirmam reiteradamente que sua missão terá como foco a justiça: “Trará justiça aos gentios” (v.2); “não faltará, nem será quebrantado, até que ponha na terra a justiça”(v.4); “Eu, o Senhor, te chamei em justiça” (v.6).

Revista: Ultimato  pág. 47
Autor: René Padilla
(Postado por Masé)


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