Patativa do Assaré
Esmorece e procura vencer
“Com a idade de 12 anos, freqüentei uma escola muito atrasada, na qual passei quatro meses. Com 16 anos de idade, comprei uma viola e comecei a cantar de improviso. Nunca quis fazer profissão de minha música. Não tenho tendência política, sou apenas revoltado contra as injustiças que venho notando desde que tomei algum conhecimento das coisas, provenientes talvez da política falsa, que continua fora do programa da verdadeira democracia. Desde que comecei a trabalhar na agricultura até hoje nunca passei um ano sem botar a minha roçazinha”.
No fim dos anos 1990, na travessia dos 89 para os 90 anos de vida, patativa pouco saía de casa, no número 27 da Ru Coronel Pedro Onofre. Isabel passava quase todas as tardes com ele. Era ela quem lia a correspondência para ele, vinda de vários lugares do mundo: Alemanha, Hungria, Estados Unidos, França. Poeta matuto, cantador e repentista, quase analfabeto, patativa é tema de estudos na cadeira de Literatura Popular Universal da Universidade de Sorbonne, na França.
Isabel também é responsável pela administração dos direitos autorais deixados por Patativa. Legado, aliás, que nunca rendeu lá grande coisa em dinheiro para a família: o poeta teve nove filhos. Segundo a neta, a herança de Patativa do Assaré para a família é a formação moral católica que deixou aos filhos. Já a arte de versejar, essa não foi transmitida à prole.
“Sou um caboclo rocêro, sem letra e istrução; o meu verso tem o chêro da poêra do sertão”
Patativa do Assaré
Revista: Família Cristã Ano 78 pg.76/77
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