O
MENINO QUE IA VIRAR SABÃO...
A família ia se despedir de um filho
seminarista que deveria seguir para São Paulo. Eram ao todo onze pessoas. Além
dos pais, uma amiga bem gorda, e oito filhos na idade de 2 a 14 anos... Era uma
tropa!
Viajavam de trem e o tempo era chuvoso. A meta
era a cidade de Cachoeiro de Itapemirim e a chegada era prevista para as dezoito
horas, mas tendo caído uma barreira na estrada, o trem chegou somente às duas da
madrugada. Dezoito horas de viagem... Todo mundo moído de
cansaço...
Quando
ainda em casa a irmã mais velha, Mariinha disse para os mais novos que deveriam
andar sempre de mãos dadas na cidade para não se perderem, pois havia um carro
que pegava os cachorros e crianças perdidos nas ruas
e levava para fazer
sabão...
Chegados ao destino o pai se dirigiu com a
família para procurar um hotel, deixando na estação as malas e um filho de sete
anos para ficar vigiando, que ele voltaria para levar em seguida a bagagem mais
pesada que ali ficava.
O
menino admirado com as manobras dos trens,
máquinas e vagões indo e vindo,
apitos, ficou absorto...
Ele
era filho de chefe de estação e nunca vira tanta movimentação nos trilhos...
O
pai voltou depois de algum tempo, pegou as malas e foi ao encontro da família já
localizada no hotel, sem reparar que o menino não o
seguia.
O
garoto quando olhou e não viu nem as malas nem o pai, corria por toda a extensão
da plataforma de um lado para outro procurando seu pai,
e não o achando se viu
sozinho. Então começou a chorar...
Um
soldado que estava ali de serviço foi ao encontro do menino, mas este corria com
medo do soldado, porém, este o alcançou e perguntou por que estava ali sozinho e
chorando. O menino contou sua desventura. O soldado se prontificou a ir com ele
ao encontro dos pais e irmãos, pois tinha reparado aquela numerosa família,
inclusive a presença de uma senhora gorda. Mas o menino não aceitou a ajuda do
policial, dizendo: o senhor quer é me levar para a carrocinha para me fazerem
sabão... O militar e outras pessoas que ouviam a conversa começaram a rir da
resposta do menino e se perguntavam onde ele ouvira esta
estória
de fazer sabão de menino perdido...
Então
várias pessoas juntas foram acompanhando o menino até seus pais. Quando
alcançaram, o soldado perguntou ao pai se não tinha perdido um
filho.
O pai começou a chamada de um por um. Não
faltava ninguém, mas o soldado disse: esse aqui, ia virar
sabão...
Aí foi a gozação de todos em cima do pobre
coitado que se distraíra com os trens e acreditara na invenção de Mariinha.
Moral da estória: “Não se educa
através do medo”