quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

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Todo cartão de Natal, além de um remetente, tem um destinatário. O primeiro cartão da história da humanidade foi endereçado aos sem-teto.
O jornalista Lucas [2,8], diz que viviam a céu aberto.
O verbo agrauléo significa permanecer ao relento.
Dizem os comentaristas que esses pastores, mencionados por Lucas, eram gente muito pobre. Sem ter onde morar, sujeitavam-se a empregos considerados humildes ou indignos pelos de classes sociais privilegiadas.
Essa escória dos operários, por estarem ao relento, por prescindirem de um teto nas noites frias, puderam presenciar, em primeira-mão, a invasão da terra pelo céu.
São tão poucos os que olham para o céu! Na ironia do cotidiano, dentro de arranha-céus cada vez mais altos, as pessoas se distanciam mais e mais do reino-dos-céus.
Esses pastores, cotidianamente, contemplavam as estrelas. Não por opção romântica, ou por interesse astronômico, mas porque o firmamento era o seu teto, a luz companheira e as estrelas suas conselheiras.
Olhar para o céu. Ouvir as estrelas. Aconselhar-se com a lua... Isto é o Natal: levantar a cabeça, reconquistar a dignidade, ser visitado por Deus.

Autor: Rubem Alves
Livro: Cultoarte celebrando a vida

Pg. 46/47

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