Quando somos jovens,
entendemos o tempo de forma infinita.
Parece que a vida
nunca vai terminar
e que o momento presente é eterno.
Quinze anos, dezoito
anos, vinte e um anos.
Uma faculdade, um
emprego, um namoro firme
e a sensação de ter encontrado a alma
gêmea.
Um casamento e
filhos.
Nessa etapa, tudo
começa a mudar.
É a primeira vez que
nos sentimos responsáveis por alguém.
É nesse momento que
descobrimos o amor incondicional
e reformulamos, ainda de forma muito tenra,
o
conceito sobre o infinito.
Quando estamos
olhando o sono de um filho, temos a primeira noção de que o nosso castelo pode
desmoronar se algo acontecer a ele, pois o amor é tão grande que a vida passou a
girar em torno desse pequeno gigante, dono absoluto da nossa
adoração.
Quantas noites sem
dormir,
simplesmente vigiando a respiração,
os movimentos e a febre que não
cede.
Quantos dias em
função dessa criança, que veio ao mundo para nos ensinar absolutamente
tudo!
O primeiro sorriso,
a primeira palavra,
o primeiro dentinho e os primeiros passos.
Escola e
amiguinhos.
Mesmo sabendo que
não é, ainda teimamos
em acreditar que o tempo é
infinito.
Nosso filho será
sempre o nosso bebê
e vamos poder protegê-lo de todo o mal
e indicar o caminho
mais seguro e feliz.
Novos passos e
adolescência.
Namoricos e
respostas malcriadas.
Nessa etapa, não
somos mais os “super-heróis”
que ele adorava e nos tornamos, aos seus olhos,
apenas seres fora de moda, agentes repressores e mal
informados.
Precisamos
compreender, então, que nunca mais seremos
“heróis”, mas, que muito em breve,
nos tornaremos algo muito melhor que isso; algo mais real e mais forte,
que nos
unirá eternamente
: seremos verdadeiros amigos.
Quinze anos, dezoito
anos, vinte e um anos.
Uma faculdade e um
emprego.
Ele agora quer
deixar o ninho e voar com as próprias asas.
Vai sair da nossa
casa e não podemos impedir.
Só podemos sentir
uma dor monstruosa,
traduzida por grossas lágrimas que escorrem,
mesmo sem a
nossa permissão.
Um abraço demorado e
um beijo no rosto,
naquela mesma bochecha que tantas vezes beliscamos com
sorrisos de amor.
Olhos nos olhos e o
desejo de dizer tudo o que já foi dito milhares de vezes, mas, que nesse
instante,
precisa ser falado novamente.
E falamos, apesar do
nó imenso que aperta a nossa garganta, impedindo as frases e permitindo apenas
algumas palavras que escorrem junto com as lágrimas,
de forma distorcida e
desesperada.
- Seja feliz, meu
filho!
Esse é o resumo de
tudo o que desejo para ele.
Ele, que foi
desejado e amado desde o primeiro momento consciente de
existência.
Ele, o meu filho
querido, a quem eu desejei dar tudo e por conta da vida, dei muito menos do que
gostaria.
- Seja feliz, meu
filho!
- Seja feliz!
Belíssimo texto que desconheço o autor!
Postagem Masé Soares
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