terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A VIDA E O TEMPO



Quando somos jovens, entendemos o tempo de forma infinita.
Parece que a vida nunca vai terminar
 e que o momento presente é eterno.
Quinze anos, dezoito anos, vinte e um anos.
Uma faculdade, um emprego, um namoro firme
 e a sensação de ter encontrado a alma gêmea.
Um casamento e filhos.
Nessa etapa, tudo começa a mudar.
É a primeira vez que nos sentimos responsáveis por alguém.
É nesse momento que descobrimos o amor incondicional 
e reformulamos, ainda de forma muito tenra,
 o conceito sobre o infinito.
Quando estamos olhando o sono de um filho, temos a primeira noção de que o nosso castelo pode desmoronar se algo acontecer a ele, pois o amor é tão grande que a vida passou a girar em torno desse pequeno gigante, dono absoluto da nossa adoração.
Quantas noites sem dormir,
 simplesmente vigiando a respiração,
 os movimentos e a febre que não cede.
Quantos dias em função dessa criança, que veio ao mundo para nos ensinar absolutamente tudo!
O primeiro sorriso, a primeira palavra, 
o primeiro dentinho e os primeiros passos.
Escola e amiguinhos.
Mesmo sabendo que não é, ainda teimamos 
em acreditar que o tempo é infinito.
Nosso filho será sempre o nosso bebê
 e vamos poder protegê-lo de todo o mal
 e indicar o caminho mais seguro e feliz.
Novos passos e adolescência.
Namoricos e respostas malcriadas.
Nessa etapa, não somos mais os “super-heróis” 
que ele adorava e nos tornamos, aos seus olhos, apenas seres fora de moda, agentes repressores e mal informados.
Precisamos compreender, então, que nunca mais seremos
 “heróis”, mas, que muito em breve, nos tornaremos algo muito melhor que isso; algo mais real e mais forte,
 que nos unirá eternamente
: seremos verdadeiros amigos.
Quinze anos, dezoito anos, vinte e um anos.
Uma faculdade e um emprego.
Ele agora quer deixar o ninho e voar com as próprias asas.
Vai sair da nossa casa e não podemos impedir.
Só podemos sentir uma dor monstruosa,
 traduzida por grossas lágrimas que escorrem,
 mesmo sem a nossa permissão.
Um abraço demorado e um beijo no rosto,
 naquela mesma bochecha que tantas vezes beliscamos com sorrisos de amor.
Olhos nos olhos e o desejo de dizer tudo o que já foi dito milhares de vezes, mas, que nesse instante,
 precisa ser falado novamente.
E falamos, apesar do nó imenso que aperta a nossa garganta, impedindo as frases e permitindo apenas algumas palavras que escorrem junto com as lágrimas, 
de forma distorcida e desesperada.
- Seja feliz, meu filho!
Esse é o resumo de tudo o que desejo para ele.
Ele, que foi desejado e amado desde o primeiro momento consciente de existência.
Ele, o meu filho querido, a quem eu desejei dar tudo e por conta da vida, dei muito menos do que gostaria.
-          Seja feliz, meu filho!
-          Seja feliz!

Belíssimo texto que desconheço o autor!
Postagem Masé Soares

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