segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O caqui
 
O vento, o vento ali.
Mínino sol por d’entre
galhos, de trás, de frente,
álacre, o caqui.

Um ser-aí. Cá, aqui.
Redondo gesto e gesta
Vegetal, e uma festa
De cor, pingo no i.

Bem maior que a pi
tanga, menor que a manga,
o seu raio (ex) sangra,
dois, vezes o pi.

A pele trans (luz). Si
dá. A carne é mansa. E dentro
o hirto centro: semente
do existir e hífen

do prazer. Não vi?
E é fruta. E ou é fruto
do inconsciente? Abrupto
estar, não-ser-aí?

Ou é silêncio ou grito?
Ou é sumo ou suma
Teológica? Uma
Fruta? Fruto-em-si?

Comi? Ou não comi?
E é acre. Doce. Pouca.
Nódoa, travo na boca.
 O vento, o vento ali

Autor: Rubem Alves
Livro: Variações sobre o prazer
Pg. 100/101

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