Não séria ótimo receber uma mensagem de texto no telefone celular toda vez que você se esquesse de tomar um remédio? Pois é o que promete um dispositivo criado nos Estados Unidos.
Na imaginação dos roteiristas de Os Jetsons, desenho animado do final da década de 1960 que mostrava uma família vivendo no ano de 2062, uma simples pílula poderia conter uma refeição completa. Na vida real da virada para 2013, a combinação de uma cápsula, um adesivo e um telefone celular, tecnologia batizada de Proteus Biomedical Raisin, parece ser a solução perfeita para um problema que interfere no controle de doenças, especialmente as crônicas: esquecer de tomar o remédio. Criado pelos engenheiros americanos Andrew Thompson, Mark Zdeblick e George Savage, o trio capaz de alertar sobre a falta do medicamento no organismo está prestes a deixar de ser só uma promessa futurista. Em 2010, a FDA – órgão que fiscaliza alimentos e remédios nos Estados Unidos – aprovou o adesivo e, este ano, atestou a segurança da pílula-sensor. No Reino Unido, onde o dispositivo passou por testes intensivos, ele estará disponível para uso logo mais.
Delator do bem
“ é bastante animador. Essa abordagem vai ajudar na disciplina dos pacientes em tratamento” disse em entrevista ao jornal britânico Daily Mirror o médico Charlie McKenna, do hospital Royal Bskshire, que participou da avaliação do Raisin na Inglaterra. O melhor é que o alcança desse avanço tecnológico vai além de uma forcinha extra para a memória. Isso porque o dedo-duro registra também dados, como freqüência cardíaca e padrão de sono, enviado o relatório tanto para o usuário quanto para o médico.
Esse compartilhamento de informação é precioso para evitar outro empecilho comum a quem precisa fazer uso prolongado de remédios: não seguir corretamente as indicações. Ou, pior, parar de vez por conta própria. “Um estudo recente sobre a adesão a tratamentos para reduzir os níveis de colesterol mostra que apenas 30% das pessoas tomam os medicamentos como os médicos aconselham”, exemplifica o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto , no interior paulista. Ele considera que o aumento da longevidade no Brasil e no mundo aponta para um crescimento de doenças crônicas como diabete, hipertensão e obesidade. “Em todos esses males, a atuação adequada do paciente é fundamental para o êxito da terapia”, diz Barra Couri. “Imagine se um indivíduo diabético ingere mais comprimidos do que deveria. Ele pode ter uma hipoglicemia grave e até morrer”, alerta. Bem oportuna, portanto, a chegada dessa delação tecnológica a serviço da saúde.
Revista: Saúde
Por: Dalena Theron
Pg. 34.35
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