Nos braços do Mar
O atlântico garantiu a subsistência de gerações de pescadores, aguçou a religiosidade, inspirou de poetas a arquitetos. E, embaixo de suas águas, repousando a sete mil quilômetros da Superfície, está a aposta do País para o futuro.
O Brasil possui 7.367 quilômetros de litoral. A costa marítima estende-se do arroio Chuí, ao Sul, até a foz do Rio Oiapoque, ao Norte. É muita praia. E, mais do que belas paisagens naturais, o chamado mar territorial pertencente ao País é um território gigantesco. São 3,6 milhões de quilômetros quadrados. É a mesma área da floresta amazônica, ou praticamente metade do tamanho do Brasil. Não é à toa que nossas águas salgadas são chamadas de Amazônia Azul.
O mar nacional tem alta quantidade de petróleo e uma infinidade de animais marinhos – só de peixes são 1.298 espécies. Dezessete estados são banhados pelo Atlântico. Apenas a região Centro-Oeste não tem o privilégio de ter um marzão à sua frete. “O céu é o mar de Brasília”, defendia o arquiteto Lúcio Costa.
Além de generoso nos números, o mar fascinou e continua a entusiasmar gerações. Se para Fernando Pessoa as águas salgadas seriam resultado das lágrimas de Portugal, ao aportar no Brasil os lusitanos eram só elogios à costa Brasileira.Após semanas de navegação, ao dar de cara com o litoral da Bahia, Pero Vaz de Caminha escreveu par ao rei de Portugal, em 1.500: “De ponta a ponta é toda praia, muito chão e muita formosura.”
Desde então, nosso mar fascina poetas, escritores, compositores, arquitetos, pescadores e qualquer um que tenha a oportunidade de se banhar nessas águas a perder de vista. O escritor Manoel de Barros poetizou que “um fim de mar colore os horizontes”. Já o navegador Amir Klink defendia: “O não é um obstáculo: é um caminho”. Mas talvez a mais singela definição esteja nos versos iniciais de O Mar, de Dorival Caymmi: O mar, quando quebra na praia / É bonito, é bonito...
Autor: Bruno Hoffmann / Brasil Almanaque
Janeiro 2013
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