O Apóstolo Paulo
Paulo é, por excelência, o apóstolo missionário da Igreja primitiva. Percorreu várias vezes a bacia do Mediterrâneo pregando a palavra de Deus e organizando comunidades. Além disso, é o teólogo que elabora o pensamento cristão de maneira nova, aprofundando o sentido e as conseqüências do que Deus operou por meio de Jesus Cristo. É pastor incansável e generoso e, sem querer, escritor, polemista, profeta que manifesta em suas cartas seus grandes dons místicos. Sua personalidade é rica e complexa. Ele escreve antes dos evangelistas, na cristandade primitiva, quando havia só tradições orais ainda não fixada definitivamente. Pode, pois, ser considerado o pioneiro da reflexão cristã sobre o evento Jesus Cristo.
Para uma biografia de Paulo, é necessário suplementar os dados das cartas paulinas com os dos Atos.
O acontecimento de Damasco, está na base da conversão de Paulo e tem uma enorme relevância na orientação de toda a sua vida. O Apóstolo não se cansa de mencioná-lo.
O texto de Gl 1, 15-16 e, a propósito, muito significativo. Paulo relata sua vocação e a apresenta como dom gratuito, dado a ele pelo “amor benevolente de Deus” num momento particular de sua vida. Desde sempre escolhido por Deus para uma tarefa toda particular como o servo do Senhor, em Is 42,1-6, Paulo é chamado quando está desenvolvendo sua atividade perseguidora, contrastando com o próprio projeto de Deus, que não entende. A misericórdia divina se manifesta, pois, de modo paradoxal.
No caminho de Damasco, Paulo recebe uma revelação referente ao próprio Cristo. O verbo “revelar” indica provavelmente, que na visão, Paulo tem a firme consciência de que Jesus represente o fim de todas as coisas, a meta escatológica para a qual tudo converge. Por graça Divina, compreende o valor fundamental da pessoa de Cristo, alicerce de toda a criação e de toda a salvação. O texto frisa também que ele é chamado “a fim de” anunciar entre os pagãos a salvação que vem de Jesus, uma vocação eminentemente missionária cujo objetivo é a evangelização dessas pessoas.
Pode-se acrescentar com toda probabilidade que desde o evento de Damasco Paulo percebeu que Jesus não é só o Messias de Israel, mas também o Salvador universal. Ele provavelmente se deu conta do papel limitado da lei., ao mesmo tempo que entendeu, pelo menos embrionariamente, que tanto os hebreus como os gentios tinham igual acesso a Deus. É evidente, porém que a compreensão sintética que Paulo teve aproximando-se de Damasco se esclareceu ao longo de sua vida, por meio dos acontecimentos concretos na vida da Igreja primitiva.
Autor: Alberto Casalegno
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