terça-feira, 13 de novembro de 2012

Pôncio Pilatos, um prefeito sob pressão

 
Para comandar as províncias de seu imenso império, os romanos enviavam governadores, prefeitos e procuradores com poderes administrativos, judiciários e militares. Eles recorriam a princípios sensatos para governar os povos tão diferentes que habitavam suas incontáveis províncias: era preciso levar em conta particularidades étnicas e religiosas de cada povo e evitar um confronto direto, mantendo ao mesmo tempo a ordem pública. Mas Pôncio Pilatos, procurador da Judéia entre 26 e 36, não respeitava a política da boa vizinhança. Aparentemente, ele não se preocupou em conhecer mais a fundo o judaísmo, e assim acabou por incomodar as crenças religiosas judaicas, o que provocou incidentes sangrentos.
No início de seu mandato, ele ordenou a entrada em Jerusalém de soldados munidos de estandartes com medalhões com a efígie do imperador fixada na haste. Acontece que a lei judaica proibia representações figuradas em Jerusalém. Indignados, os habitantes da cidade, aos quais se somaram muitos camponeses da região, recusaram-se a ceder e o procurador foi obrigado a voltar atrás. Mas esse incidente não rendeu a Pilatos uma advertência. Para construir um aqueduto, ele determinou que se recorresse ao dinheiro do tesouro sagrado do Templo. O que provocou, mais uma vez, novas contestações. Como previa a revolta, Pilatos misturou à multidão soldados romanos com roupas civis, munidos de bastões. A um sinal, os militares atacaram os manifestantes e muitos judeus morreram. A carreira de Pilatos se encerrou com um último ato de violência. No ano 36, ele mandou massacrar os samaritanos reunidos no monte Gererzim. Mas aquilo foi demais para o poder imperial. O governador da Síria, Vitélio, foi encarregado de levar Pilatos de volta a Roma, onde ele chegou pouco tempo depois da morte do imperador Tibério. O fim do procurador da Judéia não é conhecido: para alguns, ele foi exilado na Gália, mas para outros teria se suicidado. Seja como for, Pilatos entrou para a história como um político execrável.

Autora: Anne Bernet
Revista: História Viva

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