A relação entre humanismo e técnica continua a ser questão cadente. O humanismo preocupa-se com a dignidade pessoal, com os valores fundamentais da vida humana. A técnica comanda a vasta e complexa produção tecnológica. O humanismo pensa o significado e a primazia do ser humano. A técnica fabrica equipamentos cada vez mais sofisticados. O humanismo cultiva a consciência, a liberdade, o diálogo, a subjetividade. A técnica movimenta o universo mecânico, o sistema eletrônico. Huanismo é homo sapiens, técnicas é homo faber.
Daí, surgem duas mentalidades. A mentalidade humanista e a mentalidade tecnológica, mentalidade personalista e mentalidade instrumental. Isso provoca dois tipos de opção. Optar pelo humanismo ou pela tecnologia. Quem opta pelo humanismo prioriza o ser humanismo ou pela tecnologia. Quem opta pelo humanismo prioriza o ser humano e relativiza a tecnologia. Quem opta pela tecnologia prioriza a tecnologia e relega o ser humano. Essa concepção é disjuntiva porque separa e antagoniza humanismo e tecnologia. E, assim, os abraçam o humanismo, minimizam a técnica. E os endeusam a tecnologia depreciam o humanismo.
Essa posição é simplista, acrítica e acanhada. Revela incapacidade para entender que há realidades distintas que não são opostas. Por natureza, humanismo e técnica são aliados, e não adversários. É equívoco considerar humanismo e técnica como mundos dissociados e hostis. Pois o mesmo ser humano é capaz de personalizar-se e de produzir tecnologia. Também a tecnologia é herança humanista, porque gerada pelo homem.
Habermas soube ver a totalidade da razão humana. Reconhece que a razão humana tem função experimental e instrumental, que leva a produzir tecnologia. Mas teve o mérito “comunicacional”, dialogal, intersubjetiva. Por isso, a razão instrumental pode produzir ciências especializadas e técnicas, mas a razão intersubjetiva pode gerar “reflexão emancipatória”, humanismo.
Autor: Juvenal arduini
Livro: Antropologia
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