quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A renovação permanente


“A igreja reformada deve se reformar permanentemente”. Esta palavra de Lutero é recordada em todo o mundo neste dia em que a reforma protestante completa mais um aniversario (31 de outubro) e prepara a celebração dos seus 500 anos (2017). Neste ano do cinqüentenário da abertura do Concílio Vaticano II, podemos também comemorar os 50 anos da primeira reunião oficial de bispos católicos em que cristãos de outras Igrejas forma convidados como observadores e participantes.
De fato, o Concilio mudou o clima de distância entre as confissões diferentes e transformou irmãos separados em Igrejas irmãs. Isso teve conseqüências importantes não só para as próprias Igrejas, mas para todo o mundo. Os cristãos se uniram no apoio e participação em movimentos como a luta contra o apartheid na África do Sul e pela paz e justiça no mundo. Na América Latina, a teologia da libertação nasceu ecumênica e foi aprofundada no diálogo entre teólogos católicos e evangélicos.
Em 1983, ao celebrar os 500 nos do nascimento do reformador Martinho Lutero, o papa João Paulo II afirmou que Lutero é um mestre da fé para todos os cristãos.
Se 31 de outubro foi a data simbólica da divisão das Igrejas do Ocidente, essa mesma data marcou um gesto importante de reconciliação e unidade. Neste dia, em 1999, a Igreja Católica e a Federação Luterana Mundial assinaram um acordo sobre a justificação pela fé, ponto maior da divisão no século 16 e que, hoje, não é mais motivo de divisão entre as Igrejas. Há menos de dois anos, o papa Bento XVI visitou na Alemanha o mosteiro onde Lutero viveu como monge agostiniano. Naquele lugar, junto com o presidente da Federação Luterana Mundial, o papa afirmou que Lutero era um modelo da pessoa crente que busca permanentemente a Deus, como nós todos somos chamados a fazer. Atualmente, em vários lugares do mundo, exegetas católicos são professores em universidades de teologia luterana e metodista. Ao mesmo tempo, professores em universidades de teologia luterana e metodista. Ao mesmo tempo, professores evangélicos são mestres em universidades católicas.
O modelo de unidade que se deseja para as igrejas não é o da uniformidade que, de todas, faria uma super-Igreja única e poderosa. Já no século 3, Cipriano, bispo de Cartago, ensinava: “A unidade abole a divisão, mas respeita as diferenças”. O conselho Mundial de Igrejas que reúne 349 Igrejas em uma fraternidade congregacional propõe como modelo de unidade “uma diversidade reconciliada”.
No século 16, ao pregar que a renovação da Igreja deve ser permanente, Lutero recordava que Jesus nos chama a uma continua conversão de nossas vidas. A conversão pessoal e comunitária é o melhor caminho da unidade e é o único modo das Igrejas se renovarem e exercerem sua missão de diálogo com a humanidade.

Autor: Marcelo Barros
Jornal O Popular do dia 31 de outubro de 2012  

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