terça-feira, 13 de novembro de 2012

Drummond 110


Pensei em  Drummond. Pensamos. No dia todo, entre noticias de desemprego na Europa, supertempestade Sandy Em Nova York, possível delação premiada de Marcos Valério, e risco de novos apagões de energia, o Twitter foi ocupado por pedaços de poemas de Drummond colorindo um mundo meio caduco com a beleza da sua palavra suspensa sobre o futuro. Qual é o valor, já que esta é uma coluna de economia, da poesia que, nos 110 anos do poeta, permanece viva? Isso enfraquece a relação com a economia: falta o quantum em questões objetivas assim.
Drummond diz em confissão que não amou bastante seu semelhante. Não amou sequer a si mesmo, “contudo próximo”. Salvo “aquele pássaro – vinha azul e doído – que se esfacelou na asa do avião – que valor tem? Viveu no anonimato, o pássaro, mas ao morrer foi amado pelo poeta, que escreveu seus versos e os publicou em 1951 no livro Claro Enigma. Sessenta e um anos depois, está no Twitter, um planeta onde alguma poesia pode ser contida em 140 toques e achar o coração de alguém.

Autora: Miriam Leitão
Jornal: O popular do dia 06 de novembro de 2012

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