terça-feira, 22 de maio de 2012

Uma noite em Itapuã

              
 Paulo Motta

Contemplo a bela noite enluarada
O firmamento sobre nós acolhedor
Meu olhar a lua interroga, nada,
Procurando as estrelas com amor.

Mas elas no redil aos mil e muitos mil
Guardadas estavam enquanto a pastora
Lua passeava na extensão do céu de anil
Exibindo-se vaidosa e muito sedutora

Os colegas baianos olhavam com admiração
O meu enlevo em a paisagem contemplar
Era o único “estrangeiro” na interrogação
E não me cansava de o céu e mar cortejar.

O vento amenizava de todos o febril calor
Provocando mesmo na noite um arrepio.
E o mar se esfregava na areia, com ardor
E os coqueiros conversavam bem macio.

Por perto em barraca bem animada
Os sons barulhentos de um batuque
E os cantos indecorosos da rapaziada
No ritmo dos couros usados no muque

Rudes e habilidosos, velhos pescadores
Lobos do mar abasteciam de pescados
Os barraqueiros e os muitos freqüentadores
Que vinham ao local, já acostumados.

A bebida loura a todos mais animava
A se mexerem e na farra entrarem.
A lua que tão acima de todos estava
Parecia querer dizer, não parem...

A quente comida baiana provoca
A gula, acarajé e abará, camarão.
A bebida servida, até mesmo a coca
Satisfaz, e o namoro é geral, é paixão.

Ninguém vê o tempo passar, afinal
Estamos na Itapuã decantada, e amanhã
É outro dia, precisamos espantar o mal
E a boa alegria levar ao sair de Itapuã.

Itapoá dos ventos, do mar de água morna
Da praia onde desfilam tantas belas meninas
Dessa gente feliz que os espectadores torna
Privilegiados e cúpidos das formas femininas.

A duras penas nós nos levantamos
Para rápidos a praia deixar, quando
Outros ainda chegavam e nós vamos
Cedendo lugares e pertences levando.

Enfeitiçadas noites baianas, sem fim
Gente alegre sempre a cantar e sambar
Devotos de Iemanjá e do Senhor de Bonfim.
Quem aqui vem, quando volta fica a sonhar.

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