quarta-feira, 23 de maio de 2012

Do antropocentrismo ao biocentrismo

O iderário cristão começa a sofrer
uma progressiva alteração em sua maior
instituição, a Igreja Católica, que
desperta para a consciência planetária.

O termo conciência define a humanidade do ser humano,
evoca a ideia de um sentimento interior que pode
ser compartilhado com um grupo social. É um
sentimento de si que pode ser compreendido e
assimilado por outros, daí seu caráter individual e,
ao mesmo tempo, coletivo. Em todas as sociedades,
existem padrões de comportamentos que são próprios
de cada organização social, e esses padrões regem
comportamentos da comunidade.
De acordo com Nicolas Malebranche, na perspectiva
da Bíblia cristã, a consciência nasce da lei proveniente
da divindade suprema, que é Deus. Segundo a tradição
religiosa do cristianismo, ninguém poderá julgar a si mesmo.
Cabe ao "Ser Supremo" essa prerrogativa, assim como é
também função dessa divindade absoluta estabelecer valores
que são por Ele revelados e transformados em dogmas religiosos.
Por meio da compreensão cristã, pode-se inferir que a 
consciência ocorre a partir de uma relação entre entidades
sobrenaturais e os seres humanos. Malebranche cita como
exemplo o apóstolo Paulo quando este observa que sua consciência 
pessoal de nada o acusa, mas a consciência suprema de 
Deus faz Dele o único juiz de todas as coisas.
Na perspectiva de Durkheim, a consciência se forma por meio
do conjunto das crenças e dos sentimentos comuns aos
membros de uma mesma sociedade. Assim, Durkheim
entende que a formação de uma sociedade se dá pela
coesão entre indivíduos que são capazes de assimilar
valores, hábitos e costumes no processo comunitário.
O que dá a um determinado grupo humano uma consciência
própria. Durkheim cita que a consciência coletiva é 
capaz de coagir ou constrager pessoas a se comportarem
de acordo com as regras de conduta predeterminadas
coletivamente. Para ele, a consciência surge na coletividade e 
é transmitida às mentes individuais, determinando, assim
a conduta de cada indivíduo na sociedades. Em Marx, a
consciência também é um produto social, uma vez que os 
seres humanos coletivamente são os produtores de suas 
representações, de seus valores e de suas ideias. Para Marx,
a consciência não pode ser separada do ser consciente,
e o ser se forma pelo seu processo de vida real.
Ao contrário do pensamento de matriz cristã, que trata
 consciência como algo transcedente, e também diferente da
lógica de Durkheim e Marx, para os quais a consciência é fruto 
do coletivo, o filósofo Michel Montaigne considera que a 
consciência é uma força interior que não cessa de testemunhar
dentro de nós, contra nós, em nosso mundo interior.
Pode-se dizer que a consciência é um juízo de valor que traz 
em si a gênese do sujeito e sua identidade no grupo social.
Essa questão corresponde à emergência da noção moderna 
de indivíduo cuja essência é livre e responsável pelos seus
atos. Essa concepção não deixa de dar uma significação às 
novas noções sociológicas e filosóficas de consciênciae 
identidade. É nesse contexto contemporâneo que surge a
ideia de consciência pla´netária. Este termo, que no entendimeto 
de Leonardo Boff, é a consciência que se forma pelo 
entendimento, que se todos em conjunto fazem parte da família
terrenal e humana. É uma ideia de que somos uma aldeia
global, interdepedentes e que toda a vida se liga entre si,
em uma cadeia.

Autor: Luiz Eduardo de Souza Pinto
Revista: Filosofia N°40/41  

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