terça-feira, 29 de maio de 2012

A noção de "PESSOA" ao longo do tempo

O homem começou a se indagar na Grecia antiga, quando
a Filosofia estava apenas começando. Deste período
até hoje, a ideia que se tem sobre o tema passou
por muitas mudanças. Leia, a seguir, nesta breve linha
do tempo, como se construíram as visões que
predominaram ao longo da história:

Antiguidade:
Sócrates (469-399 a.C.) foi o filósofo que trouxe
o exame da vida humana para o centro do debate.
Ele muda o foco da Filosofia do cosmos para o
anthoropos, indagando sobre temas como a virtude,
a justiça e o poder.
Platão (428/427 - 348/347 a.C) e Aritóteles (384-322 a.C)
ambos desenvolveram as questões a respeito do homem
levantadas por Sócrates e tentaram encontrar definições
para o ser humano.

Idade Média:
→ Seus vários períodos, marcados pelo domínio da
Igreja católica, não se restringiam a considerar o
homem como imagem e semelhança de Deus. Ele também
foi pensado como parte de um projeto cosmo-teológico
que o colocava como pivô de forças cósmicas em combate.

Modernidade:
→O iluminismo - funda as bases da moderna noção de pessoa,
que passa a ser pensada como racional, livre e responsável
por suas ações.
Immanuel Kant (1724-1804) - o filósofo escreve sobre o
iluminismo, na Resposta à questão: o que é o iluminismo,
e afirma ser ele a chegada do ser humano à sua maioridade,
o que significa a liberdade de decisão por si mesmo e, em
contrapartida, a liberdade de suas ações. Na Crítica da
Razão Prática, afirma que as pessoas devem ser consideradas
como fins em si e não como meios- se todos os seres humanos
são iguais, deve-se tratar a todos do mesmo jeito.
→ Revolução Francesa - o lema "Liberdade, Igualdade e Fraternidade"
traz um conceito de pessoa, o "cidadão", permeado por essa mesma
liberdade mencionada anteriormente e que inclui a necessidade
de que todos sejam tratados como iguais. Seres livres e iguais
que só poderiam escolher, como princípio de vida, a fraternidade.
→ Em muitos momentos, no entanto, alguns homens foram tratados
como "inferiores", apontando a fragilidade do conceito de pessoa
construído até então. Como exemplos, os vastos impérios
coloniais europeus, que dizimaram milhares de indivíduos nas colônias
da África e da Ásia; os fascismos europeus; o regime de segregação na
África do Sul; e os diversos conflitos étnicos e políticos.
Schopenhauer (1788-1860) - antes mesmo de Freud, indica que o
ser é guiado não pela razão, mas pela vontade, descrita como uma
força "cega e irracional" que o anima.

Comtemporaneidade:
Freud (1856-1939) - mudou a noção de "pessoa" ao descobrir
o inconsciente, que acrscentou à dimensão racional uma ligação
profunda com forças irracionais.
Edgar Morin (1921) - propõe que o humano seja pensado,
além de em sua dimensão racional, também em termos afetivos,
emocionais, sensíveis, mesmo loucos-ao lado do
Homo sapiens aparece o Homo demens.

Autor: Luis Martino
Revista: Filosofia N° 18/19

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