sexta-feira, 25 de maio de 2012

MAMÃE- Paulo Motta


Eu preciso refletir sobre o grande amor
De minha querida mãe que tanta falta
Me faz para hoje compreender a dor
Das perdas passadas, outras em pauta

De minha mãe trago seus traços em mim
De espiritualidade e romantismo, em ver
A vida toda em cores e flores sem fim,
Com os encantos do mundo conviver.

Seu olhar iluminava os meus dias
Adivinhando a minha sina,ser poeta.
Ou padre eu seria. Escreveria poesias,
Se padre, seguir a JESUS seria a meta.

Mãe, tão pouco eu convivi ao seu lado,
Dividi minha linda idade de criança
Com amigos, o rio buscando para o nado
Ou nas fazendas curtindo vida mansa.

Para o seminário a senhora me encaminhou
Mesmo de um filho sofrendo a ausência
Mais pensando em seu futuro, me preservou
Do ambiente de Funil para vícios tendência.

Sua lembrança era de lágrimas uma fonte
Que estimulava os estudos bem aproveitar
E nas orações, fazendo uma linda ponte
Entre Nossa Senhora e a mãe do meu lar.

Hoje quero dizer à senhora com muita emoção,
Tenha certeza que no céu estando, meu amor
É de quem a tem carinhosamente no coração
Para a DEUS agradecer e aliviar toda dor.

Meu avô pela predileção chamava-a Santinha
E casada a queria com homem rico e nobre.
Deus bem diferente outro homem tinha,
Meu pai lhe deu como a Maria, José pobre.

Nós seus filhos a DEUS muito agradecemos
Pelos pais que tivemos e que por todos nós
Tudo fizeram com sofrimentos,reconhecemos,
Mas nos viram crescer bem e poder viver a sós.

A sua vida mãe, foi um sofrer sorrindo.
Sendo a mais bonita das filhas,isso
A fez sofrer ciúmes e invejas, indo
Pelo tempo afora como se fora feitiço...
  
 E as treze concepções em dezesseis anos
Que não lhe permitiam boa recuperação
Aumentaram os trabalhos incríveis, insanos
De distribuir a cada idade carinhos do coração.

E quando começaram os filhos em casa chegar
O desemprego do pai a família fez sofrer. 
Dura foi a necessidade do trabalho procurar .
De casa saiam para longe farinha fazer.

Filho de poderoso coronel agora doente
Ajuda não recebeu e sobras de comida tia
Sinhá mandava para minorar da gente
A fome que a pobreza sem trabalho trazia.

Vovô morreu de bronquite, herança que desceu
A alguns filhos. E a partilha como foi não sei.
Depois tia Pequena no resguardo de Bosco faleceu.
Os sofrimentos se juntavam, da vida é a lei

E o café da fazenda, vendido nada rendia?
Depois de dez anos de duro trabalho mal pago
A readmissão de papai chegou afinal um dia.
Eram já nove os filhos ficando o José vago.

Ele foi o primeiro dos seis filhos que saíram
Para no seminário estudar. Vazio no coração
Da mãe deixando, na certeza de que partiram
Para a vida melhorar, recebendo educação.

Os vinte anos em Funil foram fútil vidinha,
Vivendo sem amizades e confidentes e depois
Com a saída de Mariinha, também de Cidinha,
E a morte de Dindinha o sofrimento recompôs.

A mudança para o Rio foi graça de Deus
Coragem de Marinha para a vida recomeçar.
A família se reunia, mas os trabalhos seus
Não diminuíram, vieram outros; é em Deus confiar.

As muitas malandragens de Francisco doíam,
A ida de Cidinha de surpresa para o convento
A todos foi uma reflexão que devagar iam
Lembrando a bênção do céu que veio lento.

Mas a morte de José foi uma imensa tristeza
Que a todos abalou, cada um sofreu calado
Sentindo-se desfalecido pela perda da riqueza
Que era este irmão e filho em desastre imolado.

Mas a vida reservou dura prova ao coração
Da mãe. O incêndio de sua casa que tudo levou
Sonhos, gastos com uma pequena construção
Em fase de acabamento pra Leandro, na rua ficou.

Sua vida de léu em léu perdeu a razão
Papai já tinha ido e a filha do coronel
Que só filhos tinha e a fé no coração
Como Maria ao pé da cruz disse: Deus meu!...

Mártir da maternidade, do sofrimento, da pena
 De não mais a ouras pessoas poder ajudar,
Na paróquia trabalhar.Saia de vagar da cena
Das amizades e das rezas de com outros participar.

A chama da vida nela então bruxuleava
E quem ao câncer superado tão bem havia
Cedo veio se abatendo; a fraqueza a abalava
Santinha nossa mãe, mártir do amor se ia!...

Mártir da maternidade, do sofrimento, da pena
 De não mais a ouras pessoas poder ajudar,
Na paróquia trabalhar.Saia de vagar da cena
Das amizades e das rezas de com outros participar.

A chama da vida nela então bruxuleava
E quem ao câncer superado tão bem havia
Cedo veio se abatendo; a fraqueza a abalava
Santinha nossa mãe, mártir do amor se ia!...

Sua memória,mãe,é canonizada no coração.
Santinha seu nome,hoje junto de DEUS
É a protetora dos filhos com muita afeição.
Cuidando das dores e dos amores seus.

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