Batalha contra o ESPELHO
Pesquisa mostrou que 69% dos entrevistados pensam não ter uma boa imagem, pelo menos uma hora do dia. Mas há casos em que a insatisfação com a própria imagem chega a Ser patológica. É quando surge o transtorno dismórfico corporal.
As cirurgias plásticas viraram uma obsessão do cantor americano Michael Jackson, cujas intervenções começaram em 1984 e não pararam mais. Em uma entrevista concedida em 1993 á apresentadora americana Oprah Winfrey, o astro pop se descreveu como perfeccionista e “nunca satisfeito com nada”, incluindo a sua aparência. Jackson não estava sozinho. Afinal, quem nunca se sentiu insatisfeito diante do espelho ao menos por um dia? Mas há quem confira dimensões extremas á conhecida fábula do patinho feio e transforme o próprio corpo num verdadeiro campo de batalha. São pessoas que sofrem de uma desordem psicológica chamada dismorfobia ou transtorno dismórfico, que os faz alimentarem ideias irreais sobre a própria imagem corporal.
É o caso da engenheira química C., de 39 anos, que teve sérios problemas devido à excessiva preocupação com a sua aparência física. Dizia que seu rosto se tornava flácido e que suas bochechas estavam prestes a desabar. Começou, então, a se sentir insegura a ponto de não sair na rua sozinha. Deixou de dirigir, ficando a maior parte do tempo em casa.
O distúrbio recebeu o nome de “hipocondria da beleza”. “Trata-se de uma certeza, muitas vezes delirante, de que uma parte do corpo não está bem.
Narcisismo
Para a psiquiatra Magda Vaissman, professora da UFRJ, transtornos de personalidade como narcisista, obsessivo-compulsivo e borderline podem predispor à dismorfofobia. “É muito frequente que o transtorno esteja associado ao narcisismo. Do ponto de vista psicanalítico, é um problema na elaboração do narcisismo primário. No complexo de Édipo, a criança sai do narcisismo para ir ao encontro do outro. Mas isso pode não ser bem elaborado, dando origem á personalidade narcisista”.
Em outros casos, a dismorfofobia está relacionada ao transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), no qual a pessoa se entrega a uma série de rituais de verificação do corpo, marcas e cicatrizes para afastar um pensamento incômodo ou intruso.
A vigorexia, uma espécie de dependência por exercícios físicos associada ao culto á imagem, pode ser uma variante da dismorfofobia. “A pessoa nunca está satisfeita com o corpo, acha que pode perder massa muscular, mergulha numa rotina extenuante de exercícios e, muitas vezes, recorre aos anabolizantes para manter o tônus muscular”.
Referência:
Revista: Psique, Ano VI
Autor: Roberta de Medeiros
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Colaboração de Regina Ávila
Psicóloga
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